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sábado, 28 de março de 2015

A Once Upon a Time Tale:Despertar Capitulo 1

Parte um
Corações errantes 


CAPÍTULO 1


BEM-VINDO A STORYBROOKE
                                                            








ELA VINHA CAÇANDO RYAN MARLOW HAVIA CERCA DE três semanas, desde que ele tinha esvaziado as contas bancárias da família e fugido de Nova York, sob o peso de acusações de peculato. Por que motivo Ryan decidira parar em Boston a fim de namorar um pouco online era uma incógnita, mas Emma Swan não se importava nem um pouco com o que os fugitivos que ela rastreava fizessem ou deixassem de fazer. Ela não era paga para tomar conhecimento das histórias deles; recebia para descobrir onde estavam, capturá-los e levá-los para a cadeia. Emma levantou-se e ficou observando o rapaz, um pouco incomodada com os saltos altos. Marlow ainda não a tinha visto, e ela o olhou por um instante. Era bonito, exatamente como aparecia nas fotos, mas também possuía algo de bajulador. O que completava o quadro, é claro, porque arrogância e petulância pareciam ser a regra entre esses banqueiros. Havia algo em sua fria autoconfiança enquanto ele esperava, o que na verdade a deixou enjoada. Ela se aproximou de Ryan. — Ah, você deve ser Emma — disse ele, levantando-se quando ela se aproximou da mesa, e ela estampou seu melhor sorriso de boas-vindas, estendendo-lhe a mão. Franziu a testa ao ver suas unhas... Tinha se esquecido de pintá-las... Ele abriu um sorriso largo e lascivo. Como um lobo. Eles se cumprimentaram com um aperto de mãos, e o homem manteve os olhos fixos nela. Ryan— disse ela. Enquanto se sentava, Emma depois de ver algo em seus olhos, sorriu para ele e disse: — Bem, você parece aliviado. Sinto muito disse ele, rindo nervosamente. - Nunca sabemos como será a aparência de uma pessoa quando a conhecemos pela internet, entende? — Ele foi para o seu lugar e se sentou. E você, bem... E muito bonita, tanto on- line como na vida real. Emma não corou, apenas baixou os olhos, fingindo se sentir lisonjeada. Como era mesmo que estava escrito no perfil on-line dele? Divorciado, sem filhos, gostava de ioga e de basquete? Certo. Emma conhecia a história da "vida real" dele. La em Nova York, ele tinha três filhos, todos com menos de dez anos de idade, e uma esposa que trabalhava meio período para tentar se virar sozinha. Naquele exato momento, a esposa estava tentando conseguir alguma ajuda da Previdência Social. Arrasada. Falida. Precisando explicar aos filhos onde estava o papai.
Essa era a vida real. E ali estava Ryan Marlow, que ainda tinha vontade de namorar depois de fazer isso com outra pessoa. — Então - disse Ryan. — Fale-me um pouco de você, Emma. Emma deu seu sorriso mais sensual. — Bem disse ela. - Em primeiro lugar, devo dizer que sou muito boa em julgar o caráter dos outros. Ryan Marlow pareceu surpreso. Ela ia adorar acabar com esse cara. EM OUTRO MUNDO, EM OUTRO TEMPO. Branca de Neve estava de mãos dadas com o Príncipe Encantado no salão de baile do Castelo Real. Todos os súditos do reino cercavam o casal. Os dois se olhavam nos olhos enquanto o bispo perguntava a Branca se ela queria ficar com o Príncipe para sempre. Não houve hesitação. Ela disse nervosa e amorosamente que sim, e os dois sorriram um para o outro, enquanto o bispo os declarava marido e mulher. Os músicos da corte começaram a tocar, e o Príncipe e Branca se inclinaram para se beijar uma vez mais. Tinha sido uma espécie de milagre. O Príncipe havia despertado Branca de um sono amaldiçoado, provocado por sua madrasta, a Rainha Má. E, como se viu, eles ainda não estavam livres dela. Dessa vez, assim que seus lábios se tocaram, um tremendo estrondo de trovão sobrepujou a música, e muitos no salão gritaram. Os convidados se viraram todos ao mesmo tempo em direção às grandes portas do salão de baile, onde o som se originara, que tinham se aberto de repente com grande violência, atingindo as paredes de cada lado da entrada. Lá, no limiar das portas, havia uma figura toda de preto. A Rainha Má. Novamente. "Maravilhoso" pensou Branca. "Mais um pouco disto." Os guardas correram quando ela começou a caminhar em direção a Branca e ao Príncipe, agarrados um ao outro no centro do salão. A Rainha enviou meia dúzia de guardas pelos ares com apenas um movimento da mão... Sua magia continuava poderosa, não havia dúvida. Quando ela já estava perto deles, Branca empurrou o Príncipe para trás, agarrou o punho de sua espada e a desembainhou antes que ele pudesse detê-la. Branca de Neve apontou a lâmina para a Rainha, com os olhos flamejantes. Você não ê bem-vinda aqui disse, e sua voz forte ecoou pelo enorme salão. — Vá embora. A Rainha parou de andar, mas continuou sorrindo. Olá novamente, Branca de Neve — disse ela. O Príncipe, segurando a mão de Branca, empurrou lentamente a espada para
baixo até que sua ponta tocasse o piso de pedras. — Ela não tem mais poder — disse ele a Branca, calmamente. — Nós já vencemos. O Príncipe estava certo, ela sabia - depois que ele a despertou da maldição da Rainha, ambos uniram o reino contra ela, destronando-a e permitindo que o amor voltasse a reinar. Deixe-nos em paz disse o Príncipe, dirigindo-se à Rainha. Você já foi derrotada, e não permitirei que estrague este dia. Nem mais um dia. Deixe nos desfrutar nossa felicidade, você foi derrotada. Pelo contrário disse a Rainha. Não estou aqui para estragar nada. Vim apenas lhes dar um presente. — Não queremos nada! Disse Branca rapidamente. Não lhe importava o que quer que fosse. E, no entanto, vou dá-lo a vocês disse a Rainha. Levantou uma sobrancelha. — Muito generoso da minha parte, não acham? A Rainha era linda e aterrorizante ao mesmo tempo. Possuía feições severas, cabelos negros como ônix, olhos penetrantes e gelados. Talvez um dia, há muito tempo, ela tivesse sido uma jovem e inocente donzela, a mais bela do mundo, mas agora todos podiam ver que o ódio e a amargura haviam extraído todo o calor do seu rosto. Branca a conhecia há muito tempo, e, a cada vez que a via, a Rainha se mostrava mais amargurada. A jovem não conseguia entender como uma pessoa poderia odiar tanto. Enquanto a Rainha Má falava, mais guardas invadiam o salão, cercando-a, mas o olhar da mulher não vacilou um instante sequer: —Meu presente para vocês é a felicidade — disse ela. — Esta felicidade. Hoje. —O que você quer dizer com isso? — perguntou cauteloso o Príncipe. — Quero dizer que amanhã, meu caro Príncipe — respondeu a Rainha -, começarei o trabalho da minha vida. Destruir a felicidade de vocês. Permanentemente. Ante isso, o Príncipe já tinha ouvido demais, e lançou sua espada em uma manobra ultrarrápida. Ela voou em direção à Rainha, com a ponta para a frente, atingindo-a bem no coração. Pouco antes de acertá-la, porem, a Rainha desapareceu em uma escura nuvem de fumaça negra e roxa. E com ela desapareceu também a espada. Branca de Neve, com a mão no braço daquele que se tornara seu marido, ficou observando a nuvem rodopiar e se dissipar. EXAUSTA, EMMA CAMINHOU PELO CORREDOR até seu apartamento, segurando os sapatos vermelhos entre os dedos da mão esquerda, e com a direita um saco de compras da mercearia. Prender Ryan Marlow não fora tão satisfatório como esperava, e agora ela estava com uma tremenda dor de cabeça.
Sua mão também doía. Ele tentara fugir, é claro. Todos os homens sempre tentam fugir. Conseguira chegar até o carro e o encontrara amassado. Não foi nada difícil para ela resolver. Nesse momento ela socou a cabeça dele no carro. Essas coisas, a caçada, as perseguições, tudo ficara um pouco previsível. No entanto, se não fosse isso, o que mais ela saberia fazer? E para onde mais ela iria? Alguma coisa estava fora do lugar, mas ela não se permitiu pensar muito sobre isso. Nada que um pouco de sono e algumas doses de uísque não pudessem curar. Já no apartamento, depositou as compras no balcão da cozinha, ligou a música e desembrulhou o bolo de caneca de aniversário que tinha comprado para si mesma. Pegou o pacote de velas no saco de compras, retirou uma do pacote, prendeu-a no bolo e acendeu-a. Não era uma festa daquelas, não... Mas, pelo menos, era alguma coisa... Ficou olhando para a chama da vela por um momento. Mais um ano, mais um ano sozinha. Emma fechou, então, os olhos e pensou: "Por favor, não me deixe ficar sozinha no meu aniversário.”. Esse pedido parecia deprimente rodando em sua cabeça, mas era esse o seu verdadeiro desejo, Emma teve de admitir. Não que ela desejasse ficar alimentando a auto piedade. Muitas pessoas tinham um passado bem pior que o dela, e Emma era forte o bastante para aguentar a dor de sua história, que passava em branco. Isso não queria dizer que não ficasse sozinha, nada disso, mas significava que podia lidar com a solidão. Apenas sentia a necessidade de desejar, às vezes, que a solidão fosse embora. Assim que apagou a vela, a campainha tocou. Emma franziu a testa olhando para a porta, e por alguns instantes passaram por sua mente os vários fugitivos que ela tinha caçado nos últimos anos. Tentou lembrar-se de algum que teria sido libertado recentemente da prisão. Provavelmente, imaginou. A qualquer momento ela iria até a porta da frente e uma marreta despencaria em sua cabeça. Deu alguns passos e espiou pelo olho-mágico: Mas, que diabos...?! Quando abriu a porta, viu um rapazinho estranho ali olhando para ela. Ele linha o tabelo castanho desgrenhado e trazia uma mochila cheia às costas. E olhava para ela com os olhos arregalados. — Pois não? — disse Emma, hesitante. Olá - disse o garoto. — Você é Emma Swan? — Sou eu — disse Emma. Posso ajudar em alguma coisa? O garoto sorriu e estendeu a mão. — Sou Henry Mills — disse ele. — Sou seu filho. Emma ficou olhando para ele, de olhos arregalados. E não estendeu a sua mão. — Eu não tenho filho — disse ela, atônita. O menino pareceu ignorar o comentário. E em vez de responder, passou por ela, olhando para a cozinha. Ela estava chocada demais para fazer qualquer coisa, para procurar detê-lo.
— Dez anos atrás comentou o menino observando tudo ao redor, voltando-se depois para ela —, você deu um bebê para adoção? Emma não disse nada novamente. Seu rosto ficou sem cor, aliás. Ela notou isso quando se olhou no espelho. — Pois então, eu sou esse bebê. Você vai comer o bolo? E-eu... Sim, poderia ser ele. Emma não achou que ele estivesse mentindo, e podia reconhecer seus olhos nos do garoto. Mas, se ele era o filho que ela, durante tantos anos, havia tentado esquecer e apagar da lembrança, vê-lo ali, pedindo de forma tão inocente um pedaço de bolo, foi algo que a deixou confusa: ficar ou fugir? Sentiu-se tonta, sentiu-se... Não sabia muito bem o que estava sentindo. (Nunca sabia o que de fato sentia.) Emma fechou a porta da entrada e se virou, tentando pensar em alguma coisa para dizer. Sim... Quero dizer, não, pode comer o bolo. Pode comer tudo, se quiser... — respondeu, distraída. Isso pareceu agradar ao menino. Emma colocou o bolo em um prato, tirou a vela e ofereceu a ele um banquinho, enquanto pedia licença e saia da cozinha. No banheiro, olhou seu rosto no espelho com cuidado, equilibrando-se com as mãos apoiadas na beirada da pia. Que diferença da pessoa de dez anos atrás, quando tinha apenas dezoito anos e estava completamente sozinha. Lembrou se, também, de ter se olhado no espelho então nos últimos dias antes do parto, quando se escondera em uma cela empoeirada da prisão, simplesmente esperando, sem nenhuma boa alma para ajudá-la. Solidão. Emma lembrou-se de se sentir assim na ocasião, percebendo que o bebê que ela estava prestes a dar para alguém poderia ter significado o fim dessa solidão, caso ela o tivesse mantido. Mas não foi o que Emma fez. Respirou fundo. — Recomponha-se, Swan — disse em voz alta. Ao som da própria voz, a parte mais razoável, cética e forte de sua mente se mexeu e voltou à vida. A velha Emma. Aquela Emma durona, a agente de fianças que é mais uma caçadora de recompensas. A verdadeira pergunta: Quem era esse garoto, realmente? Certamente não era o seu filho. Ali estava ela, perturbada por aquela situação, e por tudo o que sabia aquele menino devia estar fuçando em suas coisas na outra sala, ou então poderia ser o estopim de um esquema que devia envolver um grande número de homens invadindo o seu apartamento, bem no momento em que ela estava começando a se abrir para ele... Sim, aquilo só podia ser um golpe. Isso mesmo. Alguém devia conhecer o seu passado e saber muito bem como entrar em sua vida. Ela, então, correu de volta para a cozinha, pronta para começar a gritar. O garoto estava sentado à mesa, comendo o bolo. Ele olhou para ela, e seus olhos a desarmaram.
— E aí? - disse ele. — Como estava o banheiro? — Oi — respondeu ela, franzindo a testa novamente. Emma se aproximou dele, apoiou a mão sobre a mesa, e a recolheu. Esse garotinho estava fazendo com que ela não tivesse bem certeza de como devia se comportar. Eu... Então, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas — disse ela finalmente. Tudo bem — disse o menino. — Manda. Como... Como é que você me encontrou? Sou um cara de muitos talentos respondeu. Ele parecia entediado com a pergunta, e muito mais interessado em estudar a reação dela do que em avaliar qualquer coisa que tivesse a ver com os próprios sentimentos. Mas as coisas não estão saindo do jeito que pensei... —Que coisas? Esta conversa? — Exatamente. — E como achou que fosse acontecer? — Sei lá, como nos programas da Oprah, entendeu? Com choradeira, abraços... — Bem, eu não sou do tipo chorona, garoto. — E, já percebi - disse ele, concordando. Se ela não fosse crescidinha o suficiente, poderia pensar que o menino estava zombando dela. Ou repreendendo-a, pelo menos. — Bem, devemos ir andando — acrescentou ele. Emma sorriu ceticamente, franzindo a sobrancelha. Apreciava a audácia daquele pirralho, quem quer que fosse ele. Desculpe-me, mas não sabia que íamos sair - respondeu ela. — Você estava de saída, eu estava indo para a cama. E ambos estávamos prestes a nunca mais nos ver de novo... Mas nós vamos sair, sim — disse ele, assentindo com a cabeça. - Você tem de voltar para casa comigo. Tem de me dar uma carona, pelo menos. — E onde é essa casa? — Em Storybrooke. Emma olhou para ele. E depois voltou os olhos para o livro, que Henry havia acabado de tirar da sua mochila. "Ah, entendo... Esse moleque", pensou, "está no meio de algum tipo de evento 'psicológico'." — Storybrooke? - disse ela finalmente. - Você está brincando comigo? — Não, por quê? - perguntou ele inocentemente. Esse é o nome do lugar... Tudo bem, moleque, agora escute aqui - disse ela. - Foi tudo muito divertido, mas... em primeiro lugar, eu não tenho filhos. Em segundo lugar, estou chamando a polícia agora mesmo. Não tenho tempo para isso, e você deve ser um fugitivo. Os seus pais sabem onde você está? Vou chamar a polícia. — Emma foi em direção ao telefone, após ter ameaçado duas vezes. — Não, não vai. Emma olhou para o menino, já com o telefone na mão. O que você disse?
Disse que você não vai chamar a polícia - respondeu ele, dando outra mordida no bolo. Porque, se fizer isso, eu direi a eles que você me sequestrou. Emma refletiu sobre o que ele dissera. Todas as suas dúvidas voltaram. Se ele era realmente seu filho, aquele era um bom plano. Os policiais suspeitariam que ela tivesse um motivo para reaver seu filho biológico, e, no mínimo, ela ficaria presa na burocracia por horas, possivelmente dias. Chamar a polícia, de fato, lhe traria muito mais problemas do que vantagens, mesmo que ela estivesse com a razão. Mas, ainda assim, havia algo errado com aquela situação toda. Ele realmente não poderia ser seu filho, não é? Olhe, garoto disse ela. — Gosto de pensar que tenho um superpoder. Uma coisa que sempre posso fazer. Você sabe o que é? Sempre posso dizer quando alguém está mentindo. Sempre. E você, garoto, está mentindo. Ela não tinha certeza se acreditava naquilo, mas deixou-se levar. Emma era boa em desencavar mentiras, mas a questão era que o menino parecia realmente estar dizendo a verdade. O que significava que ela não sabia o que pensar. Henry engoliu o último pedaço do bolo: Eu também sou bom em dizer quando as pessoas estão mentindo disse ele. — Ah, é? Então diga. Ele balançou a cabeça lentamente. Emma pôde ver que a confiança dele estava começando a minguar, o garoto parecia chateado. "E apenas uma criança", pensou a mulher. Então, o coração de Emma começou a amolecer, e ela pensou: "Não, Emma. Ele é seu filho". Eram as pequenas coisas. Suas orelhas eram as mesmas do pai. O formato dos olhos — ela conseguia ver seus próprios olhos lá. só um pouquinho, só um lampejo, como se estivesse se olhando no espelho naquele exato momento. Emma podia até mesmo ouvir alguma coisa em seu tom de voz. Claro que teria sido bom ser capaz de comparar as orelhas, os olhos e a voz do menino com os de seu próprio pai, de sua própria mãe. Mas isso era outra coisa. Ela nunca tinha conhecido seus pais. " Isso aqui não é um golpe", Emma pensou. "Você sabe disso." — Por favor, não chame a polícia — disse Henry. — Tudo bem? Apenas vá para casa comigo. Emma respirou fundo. — Tara Storybrooke disse ela. O que mais ela poderia fazer? Você precisa de uma carona para casa, para Storybrooke? Isso é o que está pedindo. Um pedido simples, não é? — A-hã. Emma suspirou. Não havia como brigar com esse garoto. — Ok, então. Vamos para Storybrooke. Ela não podia acreditar no tamanho do sorriso dele.
BRANCA DE NEVE, com a barriga bastante aumentada tanto pelo novo ser como pela ansiosa expectativa, rapidamente seguiu o carcereiro através do escuro corredor. Ela e o Príncipe Encantado estavam indo conversar com o único homem em todo o reino que poderia responder à sua pergunta. Branca não tinha conseguido recuperar a paz desde as ameaças da Rainha; precisava saber a verdade. O carcereiro, um homem volumoso e dispéptico, não gostou nem um pouco dessa ideia. — Não revelem seus nomes a esse homem, e usem estas capas aqui — disse ele, passando dois pesados mantos encapuzados para o Príncipe. — Sua melhor defesa é o anonimato. O Príncipe pegou as capas, vestiu a sua e entregou a outra para Branca. — Por que eu deixei você me convencer a fazer isso? — perguntou o Príncipe a ela. Branca vestiu seu manto também e manteve o ritmo de suas passadas ao lado dele. — É a única maneira respondeu. Você sabe que sempre tenho razão. — Ele tem razão de ser cauteloso, milady disse o carcereiro com mau agouro. — Ninguém se encheu de mais pesar do que aquele que conversou com Rumpelstiltskin. O Príncipe e Branca de Neve trocaram um olhar: ambos ficaram um pouco preocupados com as palavras do carcereiro. Deixe que eu fale — disse simplesmente o Príncipe. Bem no final do longo e escuro corredor, os três chegaram ate a última cela Nenhuma luz vinha de dentro dela, mas a chama que tremeluzia nas tochas permitiu que enxergassem as grades irregulares. O carcereiro disse: — Rumpelstiltskin! Tenho uma pergunta para fazer a você. — Não, você não! disse uma voz perplexa, saída da escuridão. — Eles é que têm. Branca de Neve e o Príncipe Encantado gostariam de saber se as palavras da Rainha devem ser levadas em consideração. Estou certo? — Como você sabe disso? — perguntou o carcereiro. — Quem esteve aqui falando com você? Ninguém, meu bom homem! — soou a voz de Rumpelstiltskin. Branca não conseguia vê-lo, mas parecia que ele tinha se posto rapidamente de pé. Ela sabia que ele poderia agir como um felino quando quisesse. O Príncipe colocou a mão sobre a sua espada. Vamos deixar esse jogo de lado — disse Branca, puxando o capuz para trás e dando um passo á frente. — Diga-nos o que você sabe. — Farei isso — respondeu Rumpelstiltskin, caminhando para perto das barras da cela. — Se você me der algo em troca, doce Branca de Neve. O Príncipe Encantado também deu um passo adiante, colocando-se entre Branca
e as grades. — Você não vai sair daqui. Não há nenhuma possibilidade de que isso venha a acontecer. Portanto, nem sequer tente. —Não, não agora disse Rumpelstiltskin. Claro que não. Vou sair mais tarde. Quando todos formos embora. O que preciso agora é de garantias. Para mais tarde. Então? — O que quer dizer? Perguntou o Príncipe Encantado. O que... — Basta nos dizer o que você quer — disse Branca. — Não temos tempo para esse tipo de coisa agora. — O nome da criança que vai nascer deve ser... muito lindo... — Absolutamente! - gritou o Príncipe. — Combinado— disse Branca de Neve, ignorando-o. Agora nos diga... O que a Rainha tem planejado para nós? Como é que ela vai roubar a nossa felicidade? Sei que ela tem um plano concreto, só não sei o que poderá ser! Rumpelstiltskin estava junto às grades da cela agora, e eles podiam enxergar seu rosto marcado. O nariz dele estava entortado e cheio de verrugas, seus dentes, amarelados e afiados. Um lance de magia fizera isso com ele, mas Branca não sabia exatamente como tinha acontecido, e, naquele momento, era o que menos lhe importava. Ele sorriu, balançando a língua grotesca fora da boca. A Rainha Má criou uma poderosa maldição — disse rapidamente. —Ou pelo menos pôs as mãos em uma dessas maldições. E ela está vindo. Será uma maldição que não afetará apenas estas terras. Vai tocar todas as terras... Logo vocês todos estarão em uma prisão. Assim como eu. Só que pior. Sua prisão, a prisão de todos nós, será o Tempo... — Ora, vamos lá... — disse o Príncipe. — Isso é loucura. Rumpelstiltskin o ignorou, e sua voz tornou-se grave. O tempo vai parar. Vamos todos ficar presos, e sofrendo, por toda a eternidade. A Rainha governará a todos nós, vai nos escravizar. Ficaremos perdidos, confusos. Sem esperança. Não haverá mais finais felizes. Ele esperou, deixando que as palavras fossem assimiladas. Nenhum de nós pode fazer coisa alguma para impedir que isso aconteça. Branca olhou para ele assustada. Rumpelstiltskin estava sempre cheio de malandragens, mas realmente nunca mentira. Esso a fez acreditar que ele dizia a verdade, que todos eles estavam em grande perigo, assim como a Rainha prometera. — Então, quem pode impedir? — perguntou ela. — A criança — disse Rumpelstiltskin, olhando para a barriga de Branca. A criança será capaz de detê-la. Você tem de levá-la embora por segurança — concluiu. - E para longe daqui. Quando a criança atingir a idade de vinte e oito anos, começará. Ela irá nos salvar... A todos nós. -- disse essa última frase de forma muito simples, como se fosse apenas uma questão de curso natural. Ela? — disse o Príncipe, voltando-se para Branca. O carcereiro estava
gesticulando para que eles fossem embora. — Mas é um menino! — E mesmo? - perguntou Rumpelstiltskin. - Eu não acho senhor Príncipe! — e cantarolou as últimas palavras. Temos de nos preparar disse Branca ao Príncipe. Venha, meu amor. A profecia dele está correta, tenho certeza! Esperem! — gritou Rumpelstiltskin. — O nome da criança! Preciso saber! Tínhamos um acordo! Branca virou-se, olhando para o monstro que era o homem. Emma — disse ela. — O nome dela será Emma. AS ESTRADAS ESTAVAM TRANQÜILAS e vazias. Logo eles saíram dos limites de Boston. Emma olhou de relance para o menino, que tinha o livro aberto no colo. Com base na ilustração, parecia que ele estava lendo sobre Branca de Neve, ou alguém que se parecesse com a Branca de Neve, e que também gostava de ficar brincando com passarinhos, ao menos... Mas essa era uma parte da história que Emma não conhecia. A heroína estava em uma espécie de masmorra, conversando com um duende. Emma olhou para a estrada e tentou se lembrar da história. Branca de Neve não tinha conhecido um grupo de anões? E eles não ficavam cantando e dançando? As coisas estavam todas desordenadas em sua cabeça. Um de seus pais adotivos tinha mostrado a ela os desenhos da Disney, e ela os adorara. Mas quando criança tudo aquilo parecera uma longa sequência de um mesmo conto de fadas, e Emma tinha a tendência de confundir todos eles. — Você gosta desse livro, hein? — perguntou ela. Henry não respondeu, e ela olhou para ele, esperando vê-lo absorto demais em sua história. Mas ele estava olhando para a frente, de olhos bem abertos, sorrindo. — Chegamos — disse ele. Emma seguiu o olhar do menino e viu a placa: bem vindo a storybrooke. — Ótimo! — respondeu ela — Bem-vindo a Storybrooke. Aqui estamos. Fantástico. E qual é o endereço? — E uma cidade muito pequena — disse ele. — Muito simples. — Aposto que é simples — Emma murmurou, desacelerando o carro ao passar pelas primeiras casas e lojas da cidade. Era como qualquer cidade, em qualquer parte dos Estados Unidos, realmente... Lojas e casas, algumas delas novas e brilhantes, outras velhas e empoeiradas. Provavelmente complicada e não tão bonita quando você olhasse as coisas sob a superfície. Ela nunca tinha ouvido falar de Storybrooke, mas conhecia essa cidade como conhecia qualquer outra cidade. Certo — disse ela. — E onde você mora? Não vou dizer. Emma revirou os olhos e estacionou o carro. Crianças... Hilário. A intensidade dos sentimentos que ela tivera em seu apartamento havia desaparecido. Agora estava apenas cansada e confusa. E não mais a fim de descobrir o que estava acontecendo. Tudo o que precisava fazer agora era apenas levá-lo para casa e não
ser presa. "Faça com que esse seja o seu objetivo, Swan", ela pensou. "Mantenha isso em mente e faça com que as coisas sejam simples." Havia poucos carros estacionados ali perto, e já era tarde o suficiente para que todas as lojas estivessem fechadas. O lugar parecia deserto. Ela olhou para um relógio construído no que parecia ser uma biblioteca. Olhe, já são oito e quinze — disse Emma. Vamos parar com essas brincadeiras... — Esse relógio sempre marca oito e quinze — disse Henry. — O quê? — A Rainha Má fez isso respondeu o garoto. Parou o tempo. E enviou todo mundo de lá para cá. O povo da Floresta Encantada. Então eles ficaram presos aqui na cidade. E presos no tempo também. E nem mesmo sabem disso... — Por que as pessoas simplesmente não vão embora e voltam para um lugar onde o tempo funcione? — perguntou Emma. E que acontecem coisas ruins sempre que alguém tenta fugir. Ah, é? Emma apertou os olhos. Que tipo de coisas ruins? Antes que Henry pudesse responder, Emma foi surpreendida por uma leve batida na janela do lado do passageiro. Um homem magro, de aparência inofensiva, estava de pé ao lado do carro. Ajeitava os óculos, tentando focar no passageiro sentado no banco. Ele estava segurando um guarda-chuva, embora não estivesse chovendo. — E você, Henry? Perguntou ele. Henry virou-se e olhou para o homem. E abaixou o vidro da janela. — Oi, Archie — disse Henry. Archie ajustou os óculos de novo, olhando para Emma. Ela sorriu. E quem é essa? — perguntou o homem. "Amigável, mas desconfiado" pensou Emma. "Eu ficaria assim também." — Essa é minha mãe — respondeu o menino. — Eu... Eu não... — começou ela. Minha verdadeira mãe — acrescentou Henry. Archie olhou para Henry por um longo momento, depois para Emma. Entendo... — Eu só estou tentando levá-lo para casa — disse Emma, alegando inocência com um olhar. — Você pode me dar o endereço certo? Ele apareceu na minha casa em Boston. E não sei onde mora... E ele não quer me contar. Perfeitamente... - disse Archie, aparentemente mais relaxado. — Ele vive na casa da prefeita, é claro, Regina Mills. Naquela mansão lá na Rua Mifflin. Emma, de sobrancelhas levantadas, olhou para Henry, que encolheu os ombros inocentemente. — A prefeita? — disse ela. - Sério? Você é o príncipe desta cidade? — Por que motivo perdeu a nossa sessão de hoje, Henry? — Eu estava fora da cidade— respondeu Henry. — De férias. Archie lançou lhe um amigável olhar de compreensão. — Tudo bem... O que foi que eu disse sobre a mentira, Henry?
— Que só machuca a pessoa que conta a mentira. No final. Archie assentiu. — Vou levar o garoto para casa, doutor — disse Emma. — Obrigada. Ela se afastou com o carro, observando aquele estranho homem pelo espelho retrovisor. — Então, esse é o seu psiquiatra, hein? Eram sempre pessoas esquisitas... Mais ou menos — disse Henry. — Mas ele é também o Grilo Falante. Como...? Todo mundo aqui — insistiu Henry. — Já disse a você. Todo mundo aqui é um personagem de conto de fadas. Você não estava ouvindo? Do meu livro. Ele apontou. — Todas as histórias deste livro são reais. Emma olhou novamente para o homem, que ficava cada vez menor e menor no espelho retrovisor. Ela inclinou a cabeça. Ele andava de um jeito engraçado. Claro, garoto — disse ela. Como quiser... Eles seguiram em silêncio enquanto Emma procurava a casa da prefeita. Ela havia se distraído com a tarefa de trazer Henry de volta para casa e não se permitiria pensar muito sobre o que o menino lhe havia contado. Tudo o que lembrava era de um bebe fofinho, que fora autorizada a manter no colo em uma cama dura da prisão por apenas alguns instantes. Era uma coisinha fofa, macia, que chorava e olhava para ela com os olhos enevoados. Depois disso, a desolação emocional. Meses sofrendo por isso. Anos. Era engraçado como uma coisinha tão pequena pudesse um dia crescer e se transformar em um ser que falava que andava. Era quase a mais louca fantasia que existia. Nada em sua vida a havia magoado e machucado mais do que o momento em que a enfermeira tirara o bebê de suas mãos. Ela estava tão exausta, que nem conseguiu chorar. Lembrava-se do rosto delicado do bebê, e evitou dar outra olhada de relance para Henry e compará-lo com suas lembranças. Viu a Rua Mifflin e virou ali; era simplesmente uma rua sem saída, e logo ficou óbvio qual era a mansão da prefeita. Lar doce lar? — disse Emma, enquanto parava o carro. — Tenho certeza de que seus pais vão ficar felizes em ter você de volta. — É só a minha mãe — disse Henry, olhando para as mãos. — E ela é a encarnação do mal. — Eu sei, a gente se sente assim às vezes... Ele ergueu os olhos. — Não disse ele, suavemente. Você não entende. Ela é realmente o mal, de verdade... O Maligno. Satã. Todos esses caras, entendeu? Ela não queria que sua voz fraquejasse, mas não sabia o que dizer ao garoto. Seria seu trabalho confortá-lo? Como é que uma pessoa poderia... — Olhe, não acho que... —começou Emma. Henry! Henry! Emma olhou. Uma mulher de cabelos escuros, bonita e bem-vestida, corria da casa em direção ao carro. Seus olhos estavam fixos em Henry. — Você se machucou? Por onde andou? — Estou bem, estou bem... — resmungou o menino.
— Encontrei minha mãe. A mulher congelou quando ouviu isso, e olhou para Emma pela primeira vez. Emma sentiu frieza em seu coração. — Você é... a mãe biológica dele? — perguntou ela finalmente. Emma balançou a cabeça, tentando parecer inocente e surpresa: Aparentemente — respondeu. — Prazer em conhece-la. Emma não soube interpretar o olhar que a mulher lhe lançou em seguida Por fim ela lhe disse — Bem... entendo. Não gostaria de entrar e tomar uma taça de sidra de maçã? Henry olhou para ela, esperançoso. Emma disse: — Você tem alguma coisa mais forte? Após o encontro com rumpelstiltskin, o conhecimento da maldição ficou pairando sobre o castelo como uma névoa fria e sombria. Branca de Neve exigiu ação. Depois de muitas reuniões entre os líderes da Terra dos Contos de Fada, decidiram-se as medidas que deveriam ser tomadas para proteger o reino. A Fada Azul expôs tudo claramente: se era mesmo verdade que a Rainha Má tinha planejado desencadear uma maldição que prenderia a todos, e que a filha de Branca de Neve seria a única capaz de libertá-los, então a menina teria de ser protegida. O plano da Fada Azul era simples. Usando a última árvore disponível na Floresta Encantada, Gepeto construiria um guarda-roupa que podia proteger Branca de Neve da maldição e transportar as duas, ela e a filha, para um lugar seguro. E nesse lugar. Branca de Neve cuidaria da menina enquanto crescesse, até seu vigésimo oitavo aniversário. Quando ela chegasse a essa idade, Emma cumpriria o papel ao qual estava predestinada e salvaria a todos. Enquanto Gepeto preparava o guarda-roupa, a gravidez de Branca de Neve chegava cada vez mais próxima do fim. Branca de Neve e o Príncipe Encantado, sabendo que muito em breve estariam separados, passaram a fazer o melhor que podiam para se preparar para isso. Seria apenas temporário, disseram a si mesmos. A pequena Emma iria crescer e salvar todos eles. De algum modo. Se fosse assim tão simples... Certa noite, uma nuvem de neblina verde apareceu no horizonte. Parecia se fortalecer e crescer a cada minuto, subindo em cascatas por trás das árvores como se fossem as explosões de um vulcão. Era isso. A maldição. Estava acontecendo. Agora. Zangado começou a gritar. — Chegou a hora — disse o Príncipe a Branca. — Prepare-se. Mas Branca de Neve, na cama, não conseguia falar. Ela havia sentido uma contração no início do dia e não dissera nada, esperando que desaparecesse. Naquele momento, no entanto, outra, mais intensa, tomou conta do seu corpo, e ela fechou os olhos, respirando profundamente. — O bebê vai nascer. — disse ela. Abriu os olhos. E não conseguiu mais segurar as lágrimas. O Príncipe, surpreso,
olhou para ela do outro lado do quarto. — O bebê está nascendo agora, meu amor. Emma sentou-se no gabinete da prefeita, segurando um copo de sidra, e se curvou para olhar uma pintura que retratava uma macieira. Mantenho viva essa mesma macieira há muito tempo — disse Regina, ao observar Emma estudando a pintura. — Ela está bem ali, na Rua Principal disse ela sentada na frente de Emma, com as pernas imaculadas cruzadas, tendo recuperado a compostura. Sinto que há certo valor no apoio consistente, de longo prazo, não acha? Emma conseguia pensar em uma porção de coisas para dizer em resposta a essa pergunta. Em vez disso, apenas balançou a cabeça, virou-se para Regina e disse: —Sua árvore é muito bonita. —Sinto muito que ele tenha arrastado você para fora de sua vida — disse Regina. — Realmente não sei o que deu nele. — Parece que ele está passando por um momento difícil disse Emma, tomando um gole de sidra. — Mas o que sei eu? Essa é apenas a minha impressão. — Desde que assumi a prefeitura, equilibrar essas duas coisas, ser mãe e o meu trabalho, tem sido muito difícil. Você deve entender, afinal, presumo que tenha um trabalho. — Eu tenho um trabalho— confirmou Emma, ignorando a condescendência da prefeita. —Bem, quando se é mãe solteira, e como ter dois empregos de tempo integral. E então, de fato, exijo ter as coisas em ordem. Eu sou rigorosa com ele. Mas é para seu próprio bem. Quero que ele seja bem-sucedido; não quero que ele se sinta como se tudo viesse de mão beijada. Só que não acredito que isso me qualifique como má, exatamente. Estou louca? Ele só está dizendo essas coisas por causa do negócio de conto de fadas. — Que negócio de conto de fadas? —Você sabe aquele livro. Ele acha que todo mundo é um desenho, um personagem que saiu do livro, ou algo assim. Quero dizer, o garoto pensa que seu psiquiatra é o Grilo Falante. Então... Emma, que estava olhando para seu copo, ergueu os olhos para Regina e ficou surpresa ao percebê-la um pouco alarmada. — Sinto muito — disse Regina. Realmente não tenho ideia do que você está falando. "Meu Deus, ela não sabe do livro", Emma pensou. Estava atravessando muitos limites ali. A melhor coisa a fazer seria ir embora antes que encontrasse uma maneira de explodir toda a cidade. Bem, sabe de uma coisa? — disse Emma. — Melhor eu voltar para Boston. Estou atrapalhando você com suas coisas. Fico contente por ele estar seguro de novo.
Regina se pôs de pé assim que Emma se levantou. — Eu também— respondeu ela, segurando sua mão, que tinha começado a tremer. — E aprecio muito que você fez, de verdade. Estou feliz que ele esteja de volta em casa e em segurança. Obrigada. Emma não achou que fosse ter coragem de dizer adeus a Henry, e por isso foi direto para o carro. Abriu a porta e quase entrou sem olhar para trás, para as janelas dos quartos. Ela o viu de relance, muito rapidamente, antes que a luz da janela se apagasse. Emma o estava abandonando novamente. "Você vai superar isso", disse a si mesma enquanto dirigia até o final da cidade para pegar a estrada de volta a Boston. Aqueles sentimentos passariam. E, além disso, agora ela sabia onde o menino estava, sabia que ele ficaria bem. Isso era uma boa notícia. Certamente a prefeita iria deixá-la passar por ali de vez em quando para dar um alô... "Puxa", pensou Emma, "devia ter pedido informações sobre os contatos da prefeita. Devia ter." O olho de Emma percebeu algo pousado no banco do passageiro. Ela apertou os olhos e virou-se para acender a luz interna do carro. Era o livro de Henry. "Que danadinho sorrateiro", pensou. Não pôde evitar e deixou escapar um sorriso. Agora, ao menos ela tinha uma desculpa para voltar... Ainda sorrindo, e distraída pelo livro, quase não percebeu o lobo parado bem no meio da estrada. Emma engasgou, pisou no freio e girou o volante totalmente para o lado. A última coisa que viu foi o animal, impassível, casualmente observar o carro dela, fora de controle, derrapar para fora da estrada. Ele nem sequer piscou seus brilhantes olhos vermelhos. DENTRO DE SEUS APOSENTOS, enquanto as nuvens daquela névoa fantasmagórica se espalhavam por toda parte, infiltrando-se através da floresta e cercando o castelo, Branca de Neve gritava durante o trabalho de parto enquanto o médico da corte a atendia. O Príncipe correu para ficar ao lado dela e pegou a mão de Branca, prendendo-a entre as dele. Ele havia tentado convencer Branca de Neve a entrar no guarda- roupa durante os estágios iniciais, mas ela havia se recusado, e por sua vez o havia convencido de que agora era tarde demais, o plano não poderia mais funcionar. — Ela está nascendo! — gritou o médico. — Mais um empurrão! E, então, o Príncipe ouviu o choro e viu o bebê nos braços do médico. Ele se virou para Branca, que parecia exausta, mas sorriu para ele mesmo assim. — Agora... disse ela, em voz muito baixa — leve-a... O Príncipe franziu a testa. — O que você quer dizer? Leva-la... Para onde? — Pegue a nenê - insistiu Branca de Neve. Pegue a nenê e a ponha no guarda- roupa. E o único jeito... — Não! — gritou ele. Nunca! Temos de ficar todos juntos e...
— É o único jeito — disse ela, e empurrou Emma para os braços do Príncipe. Ele a pegou. E olhou para o belo e suave rostinho de sua bebezinha. Depois, virou-se para Branca. Ela tinha o péssimo hábito de estar sempre certa. — Cuide dela — disse o Príncipe ao médico, pondo-se de pé. — Não vai demorar mais de um minuto. E correu para fora do quarto, com a menina aconchegada nos braços. EMMA VOLTOU A Si e passou um instante olhando para uma parede de concreto, perguntando-se por que não estava em seu apartamento, por que estava vestida, e, ainda, por que havia claridade do lado de fora, tentando imaginar o que tinha acontecido. Pensou no sonho, em seu filho, no sonho da cidade... Virou a cabeça e viu as grades. Diabos! Estava na cadeia. Em Storybrooke, Maine. Um homem magro, evidentemente o xerife, estava de pé ao lado de sua mesa, olhando alguns papeis. Quando viu que Emma estava despertando, acenou com a cabeça para ela. — Bom dia disse ele. — Sou o xerife Graham. E você está presa. — Mas... por que estou na cadeia? — foi tudo o que ela disse. Parece que bebeu um pouco demais na noite passada — e com uma das mãos fez o movimento de quem entorna uma garrafa. — Bati o carro por causa de um lobo, foi um acidente. — Lobo? — disse Graham, e parecia genuinamente divertido. — Essa agora... Já ouvi algumas desculpas boas, mas esta leva o troféu... Antes que ele pudesse continuar a censurá-la, Regina Mills invadiu a delegacia com os olhos arregalados. Foi diretamente ate Graham. Emma, grogue, sentou-se no catre. — Henry fugiu de novo — disse Regina. Temos de... Regina viu Emma na cela. O que ela esta fazendo aqui? Antes de esperar por uma resposta. Regina caminhou ate a cela. — Já entendi. Isso não é uma coincidência, não é? Você sabe onde ele esta! — exigiu a prefeita. — Minha senhora, eu não o vi desde que saí da sua casa — defendeu-se Emma. Ela agora se mostrava muito menos interessada em civilidade do que na noite anterior. Olhou para Graham. — Eu tenho um álibi. Dois, na verdade. Esse sujeito e um lobo. Graham concordou. — Bem, isso eu posso garantir, pelo menos. Ela ficou aqui a noite toda. —Henry não estava em seu quarto esta manhã disse Regina, e Emma podia ouvir uma real preocupação em sua voz. — E os amigos dele? — disse Emma. — Já tentou falar com eles' — Ele não tem nenhum amigo. Emma franziu o cenho, pois não tinha gostado nada de ouvir aquela pequena
informação. Henry parecia-se demais com ela mesma na infância. Toda criança tem amigos. E o computador dele? Já Verificou o e-mail? — E como você sabe disso tudo? — Eu encontro as pessoas, senhora, esse é o meu trabalho — disse Emma. Não precisa ficar toda preocupada. Deixe-me sair daqui e vou encontrar Henry. Sem cobrar nada. Regina e Graham trocaram um olhar. — E depois vou para casa— acrescentou. Emma olhou para Graham durante longos minutos, tentando adivinhar se ele havia compreendido o trato. — Bem, os computadores não são exatamente a minha especialidade -disse Graham. — E, além disso, essa moça parece saber do que está falando. Frustrada, Regina girou nos calcanhares e se dirigiu para a porta. — Tudo bem. Traga a mulher. Eu só quero encontrar meu filho, não me importa como. Eles foram para a casa de Regina, Emma na parte de trás do carro, olhando para fora e observando a cidade, nenhum deles falando uma palavra sequer. Uma vez lá dentro, Regina os levou até o quarto de Henry. Emma foi diretamente para o computador. — O garoto é inteligente —disse ela, depois de um momento. Ele limpou a caixa de entrada. — Emma procurou em seu chaveiro e pegou um pequeno pen drive. Sorte de vocês que sou inteligente também. Um dispositivo que gosto de usar. Ela introduziu o pen dríve na porta USB do computador de Henry e ficou observando enquanto os arquivos espelhados iam detalhando suas atividades recentes e eram transferidos para o dispositivo. Henry tem cartão de crédito? — perguntou Emma. — Ele é muito novo— disse Regina, cruzando os braços, aparentemente irritada com o fato de Emma estar fazendo progressos. — Claro que não. — Bem, ele usou um disse Emma, lendo o que aparecia na tela. — Foi assim que conseguiu a passagem de ônibus. Quem é... Mary Margaret Blanchard? —perguntou. Regina, com os braços ainda cruzados, olhou furiosa para a tela. A professora dele — respondeu. — Eu vou matá-la. — Ah, tenho certeza de que ele roubou o cartão dela disse Emma, e então desligou o computador. —Venha, vamos para a escola, então. Talvez ela saiba de alguma coisa. MAIS UMA VEZ RODARAM EM SILÊNCIO, só que desta vez Emma não via a hora de voltar para casa, para sua vida normal. Olhou para a parte de trás da cabeça de Regina, para seu cabelo perfeitamente esculpido e preso no lugar. Você não pode de repente se imiscuir assim na vida de alguém. Talvez aquela mulher fosse uma
cadela, claro, mas ela havia criado Henry. Emma lhe devia um mínimo de respeito. Ela lhe devia espaço. Havia estado afastada. Encontrar o menino, cair fora dali... Era isso que Emma faria. Ela quase disse algo relativo à sua decisão quando Graham anunciou: — Aqui estamos nós, senhoras. Estavam na escola. Mary Margaret Blanchard se parecia, de algum modo, exatamente com o que Emma esperava devido a seu nome: pequena e bonita, com o cabelo escuro cortado rente ao crânio, ao mesmo tempo recatada e, a julgar pelo brilho nos olhos, potencialmente um pouco mal-humorada. Eles chegaram assim que os alunos dela estavam saindo da classe e, quando Regina lhe perguntou sobre o seu cartão de credito, ela fez uma pausa por um momento, pensando. Emma podia ver que ela estava se lembrando do momento exato em que Henry a havia enganado e furtado o cartão, mesmo antes de ela ir verificar na bolsa. Mary assentiu com a cabeça, vasculhando os compartimentos da sua carteira. — Que menino esperto! —murmurou a professora. Eu nunca deveria ter dado o livro a ele. — Que livro é esse de quem todo mundo fala? —perguntou Regina. — É um livro de histórias, com o qual pensei que poderia ajudar Henry— disse Mary. — Ele é um menino criativo. E especial. Nos duas sabemos disso. Precisa de estímulos. Regina parecia ter ouvido o suficiente, ou ter detectado um insulto naquilo que a Srta. Blanchard tinha dito. Bufou e balançou a cabeça, virando-se para Graham. — Vamos embora, achar Henry. Essa conversa aqui não leva a nada. Virou-se para Mary Margaret. — O que ele precisa Srta. Blanchard, e de realidade. Fatos. Verdade. Não precisa de histórias. Mary Margaret não disse nada, apenas levantou as sobrancelhas. Regina saiu da sala, seguida por Graham. Mary Margaret sorriu gentilmente para Emma. —Bem-vinda a Storybrooke disse ela, e desta vez aquilo soou mais como uma piada. Emma sorriu. Sim, estava certa: ela ia gostar dessa mulher. — Receio que tudo isso, em parte, seja culpa minha — disse Mary Margaret, atravessando a sala e começando a organizar sua mesa. Ele tem estado tão sozinho ultimamente. Apenas pensei que ele precisasse ler historias — disse a professora, refletindo sobre isso por um momento, depois olhou para Emma. —Para que acha que servem as histórias? —Para passar o tempo, talvez? —sugeriu Emma. E ficou pensando que era uma pergunta estranha. — Já eu penso que sejam uma maneira de entender nosso próprio mundo retrucou Mary Margaret. — De uma forma diferente.
— A professora balançou a cabeça. — Regina às vezes é muito rígida com Henry, mas os problemas dele são bem mais profundos que isso. Ele é como a maioria das crianças adotadas: zangado, confuso. Fica se perguntando o tempo todo como alguém poderia ter pensado em... Parou de falar, percebendo com quem estava conversando, dizendo todas essas coisas. Emma estava se sentindo arrasada e ao mesmo tempo feliz que Mary Margaret não tivesse falado tudo aquilo em voz alta. Funcionava com uma brecha em sua armadura, ficar falando sobre os pais. — Está tudo bem — disse Emma rapidamente. — É historia antiga. —Não quero julgar ninguém — disse Mary Margaret. — Peço desculpas. Acho que dei aquele livro a Henry apenas para lhe oferecer o que ninguém aqui parece ter. Um novo sentimento. O sentimento de esperança. Ela parecia triste, forte e triste ao mesmo tempo. Emma percebeu que Mary Margaret falava sobre si mesma. — Você sabe onde ele está não é? — perguntou Emma. Mary Margaret inclinou a cabeça e suspirou. Bem — disse ela. — Não sei dizer com certeza. Mas você pode tentar verificar em seu castelo. FOI O QUE ELA FEZ. O "castelo" de Henry era pouco mais que um depósito de entulho. Foi o que pensou Emma, de qualquer modo, enquanto se encaminhava para o parquinho na periferia da cidade. Ficava ao lado do oceano e com vista para o quebra-mar. Do carro, Emma conseguiu ver Henry sentado no segundo piso de uma estrutura de madeira cambaleante, com uma única escada em espiral. Ele estava com as pernas cruzadas, olhando para baixo. Antes de descer, ela pegou o livro ao seu lado. — Você não pode continuar fugindo, garoto disse-lhe Emma enquanto abria caminho com cuidado por aquela frágil estrutura. As pessoas vão ficar preocupadas. Não vão, não — respondeu ele. — Elas não se importam. Eu trouxe seu livro — disse ela. — Você o esqueceu em meu carro. Henry pegou o livro e disse: — Deve ser o início da batalha final. Toda essa grande coisa. —Em algum momento você tem de crescer e deixar para trás essas coisas, Henry tentou Emma. — As historias são ótimas, mas no fim você vai ter de olhar para o mundo real. Ela não estava gostando de soar como Regina, mas era verdade, não era bom acreditar em coisas que não fossem verdadeiras. Isso deixava a pessoa muito vulnerável. Talvez essa fosse praticamente à única lição de vida que tinha a oferecer, e acreditava nela. — Você não tem de se sentir mal. — Olhe, garoto, isso não é... — Mas tudo bem, eu sei por que você me largou. Emma sentiu um aperto na garganta. Ele estava olhando para ela agora, com um doce sorriso no rosto.
"Deus", Emma pensou. "Esse garoto sabe como me pegar." — Você quis me dar a melhor chance que eu poderia ter — continuou Henry. — Sei que fez isso por mim. Emma não conseguiu segurar as lágrimas que brotavam em seus olhos. Queria pegá-lo e abraçá-lo, aperta-lo contra o peito. Sim, uma vez abrira mão de seu filho, e agora ali estava ela, fazendo tudo de novo... E, de alguma forma, não doía menos dessa vez. Ela só conseguiu dizer: Como... Como você sabe disso, Henry? — Porque foi exatamente por isso que a Branca de Neve abriu mão de você — respondeu ele, orgulhoso de si mesmo por toda a sua lógica. Emma olhou para o livro no colo dele. As histórias servem para nos ajudar a compreender nosso próprio mundo. Mary Margaret tinha razão sobre esse ponto. Temos de voltar para casa, Henry— disse ela. Não estou nesse livro, e não existe nenhuma batalha final. Mas eu sou real. E quero você na minha vida. De alguma maneira. — Não me faça voltar para lá. — Para onde? — perguntou Emma. Para a sua casa? Onde as pessoas se preocupam com você? Eu nunca tive isso. Eles me encontraram no acostamento de uma estrada. Foi lá que os meus pais me deixaram. Na sua idade, eu ainda estava no programa de adoção... O mais próximo que cheguei de ter o que você tem foram três meses aqui, três meses ali... E então me mandavam de volta para o orfanato. Você tem algo estável, algo bom. Está seguro, Henry. Você é querido. Tudo bem, mas eles não deixaram você no acostamento da estrada insistiu Henry. — Você veio no guarda-roupa, que foi parar lá. Emma não tinha nenhuma ideia de que guarda roupa era esse de que ele estava falando, mas podia ver que o garoto não iria desistir da sua fantasia. Ainda não. Talvez em breve, talvez em poucos anos. Talvez quando descobrisse as meninas. Mas ela estava cansada de tentar convencê-lo a encarar a realidade. — Vamos lá, garoto — disse ela, estendendo a mão. —Vamos levá-lo para casa. — FIQUE COMIGO. Branca de Neve o tinha encontrado caído no chão, sangrando, quase inconsciente. Parecia completamente exaurido e estava imóvel agora, olhando para o teto, com a respiração pouco profunda, os olhos vidrados. Branca de Neve segurava a mão do seu amado, chorando. Ela agora estava fraca demais para se mover, porque havia usado toda a energia que lhe restara para chegar até ele. Os soldados da Rainha tinham invadido o castelo à procura do guarda-roupa, mas o Príncipe tinha conseguido. A bebê Emma estava a salvo. O guarda-roupa tinha atravessado para o outro lado. Ela o beijou na face. — Fique comigo, meu amor— sussurrou. — Ah, como o amor é lindo! Branca de Neve estremeceu ao som daquela voz. Ela a ouvira por toda a sua vida, e ela foi ficando cada vez mais gélida ao longo dos anos. Ouvira a esperança
e a felicidade escoarem para longe dela, dia após dia. Ouvira a mesma voz em seu casamento. Branca se virou para a Rainha, que olhava com desdém para um de seus cavaleiros. — A criança — disse. — Dê a criança para mim. — Sumiu — disse o cavaleiro rudemente. — Desapareceu. Desapareceu para onde? — exigiu saber a Rainha. Ela está a salvo — disse Branca. E isso significa que você vai perder, afinal. Você sempre vai perder. E por causa do que você é. O bem vai ganhar sempre. — Poupe-me do seu discurso disse a Rainha. O bem nem sempre vence. Na verdade, o bem quase sempre perde minha linda jovem. Você vem recebendo uma lavagem cerebral neste mundo ridículo sabia? Não, é claro que não. Vou lhe sugerir uma coisa, tente viver uma semana em um reino diferente. Tente ter como monstro como pai. Isso vai ensiná-la a crescer rápido. Ela estava olhando para a porta. Aquela névoa verde que Branca de Neve tinha visto antes chegava finalmente ao castelo, subia pelas paredes e ao redor deles, como se a sala se inundasse de puro ódio. A nevoa, de alguma forma, era a própria maldição. A Rainha sorriu e abriu os braços. Branca de Neve, com os olhos arregalados, agarrou-se ao Príncipe quando o castelo começou a tremer. Ela se sentiu tonta, mas depois percebeu que o quarto em si é que estava girando... estava rachando. Objetos estranhos se mostravam pelas rachaduras, que deixavam entrever o céu, um vento selvagem uivava pelo quarto. Branca de Neve ouviu o que pensou ser ela mesma gritando. — Para onde... Para onde estamos indo? Para aquele outro mundo, minha querida riu a Rainha, com os olhos insanos, os braços agora esticados acima da cabeça. Para um lugar em que o único final feliz será o meu! PELA SEGUNDA VEZ em vinte e quatro horas, Emma observava Regina descer correndo os degraus da porta de sua casa, aliviada por ver o filho. Juntou-se a ele na porta do carro e o abraçou demoradamente. Henry aceitou o gesto, mas não a abraçou. Emma pensou de novo que, por mais distorcida que essa Regina fosse, na mentalidade e no comportamento, de fato se importava com Henry. Depois de um momento, ele se livrou do abraço da mãe e correu para dentro da casa. Regina ficou observando o garoto correr, e Emma viu que a porta batida pareceu causar um instante de dor física na prefeita. Obrigada disse ela, voltando- se para Emma. O prazer foi meu. — Ele parece ter realmente encantado você. — Quer saber de uma coisa louca? — disse Emma. — Ontem foi meu aniversário e, quando apaguei a vela, meu desejo foi que eu não tivesse de passar mais um aniversário sozinha. E bem quando eu assoprava a vela, Henry apareceu. — Ela realmente não tinha
considerado essa coincidência até então. Regina a olhou friamente. — Espero que não haja nenhum mal entendido aqui. — O que você quer dizer? — Isso não é um convite para voltar a fazer parte da vida dele. Você fez a sua escolha. Dez anos atrás. Já é suficientemente duro ser mãe solteira. E fica ainda mais difícil competir com uma estranha que fica enchendo a cabeça dele com histórias divertidas e sei lá mais o que se passa em sua cabeça. —Mas eu não... — E, na última década, enquanto você estava fazendo só Deus sabe o quê, eu estive aqui, trocando suas fraldas, cuidando de cada doença, fazendo o trabalho difícil. Você pode ter dado Henry à luz, mas ele é meu filho! Emma não poderia competir com isso, e nem sequer tentar. —Eu não estava... — Não, você não vai falar —disse Regina, e sua voz tornou-se ainda mais irritada. Ela deu um passo à frente. — Você não vai fazer nada. Lembra-se do que é uma adoção fechada? Lembra-se de que isso foi o que você pediu? Você? Você não tem direito legal sobre Henry. Isso foi uma coisa que você pediu e será cobrada de você. Por isso, sugiro que entre em seu carro e suma desta cidade para sempre. Imediatamente. Se não fizer isso, vou destruí-la, nem que seja a última coisa que eu faça! Emma estava atordoada. Olhou para Regina, que tinha ampliado a sua raiva com aquele discurso. E mais uma vez teve a mesma sensação: quanto mais Regina a queria fora da cidade, mais ela queria ficar. Com o coração palpitando forte, Emma quase se virou para ir embora. Mas pensou em mais uma coisa que queria perguntar. — Você o ama? — questionou ela. Regina pareceu surpresa, depois furiosa. — É claro que o amo— disse, cuspindo as palavras. Então Regina virou-se e voltou para dentro da casa. EMA NÃO TINHA CERTEZA do que acontecera enquanto ela voltou pela Rua Principal. E decidiu não pensar muito sobre o assunto. Na verdade, tinha o mal habito de fazer isso. Ou seja, em vez de refletir, quando viu a placa "Quartos disponíveis" na Pensão da Vovó, uma certeza repentina a inundou: sabia que não poderia abandonar Heury mais uma vez. Estacionou o carro. Dentro da pensão, Emma deparou com uma mulher de cabelos grisalhos no meio de uma discussão acalorada com uma jovem de cabelos negros: —Esta é a minha casa, e estas são as minhas regras. Uma delas é que você não pode ficar fora a noite toda. — Eu deveria ter me mudado para Boston — disse a garota com desdém. Sinto muito que meu ataque cardíaco a tenha impedido de se instalar no litoral — gritou a mulher. No mesmo instante em que fez isso, Emma limpou a
garganta e a mulher girou o corpo. Deu a Emma um sorriso doce. Emma perguntou se tinha um quarto. A garota ficou olhando para ela, impassível. — E claro, é claro! — disse a mulher mais velha, já se aproximando do balcão na recepção. — Temos um belo quarto disponível. Ótimo — disse Emma. — E qual é o seu nome, querida? — perguntou a mulher, com a caneta na mão. — Emma. Emma Swan. — Emma - soou uma voz de homem. — Que lindo nome! Emma se virou e viu um homem de terno e cabelo comprido e sedoso parado bem atrás dela, de pé. Ele segurava uma bengala e a olhava com curiosidade. Em seguida, caminhou até o balcão, olhando para a senhora. — Obrigada - respondeu Emma. — Está tudo em ordem — disse a mulher, e Emma percebeu que ela estava visivelmente intimidada pela presença do homem, quem quer que fosse. Está tudo aqui. — Segurava um envelope na direção dele. — Sim, claro — disse o homem, pegando-o. — Confio totalmente em você. Emma viu um bolo de dinheiro quase saindo da parte superior do envelope. O homem sorriu novamente para Emma. — Encantado em conhecê-la, srta. Swan. Talvez nos vejamos outro dia. Acenou com a cabeça e caminhou para fora. — Quem era aquele sujeito? — perguntou Emma, uma vez que ele tinha ido embora. Era o sr. Gold respondeu a garota em tom conspiratório. Ele é o dono deste lugar. — Da pensão? — Não — completou a senhora. - De toda a cidade. Emma ergueu as sobrancelhas. Ah... — Aqui esta a sua chave ea senhora entregou a Emma uma grande chave de metal, quase cômica por suas intenções artísticas, cheia de floreados. Nada naquela cidade parecia normal, era o que Emma estava percebendo. - Quanto tempo você vai ficar? — Apenas uma semana respondeu Emma, olhando para a chave. — Apenas uma semana. Esse era o tempo de que ela precisava para ter certeza de que Henry ficaria bem. Deveria bastar. O que mais teria algum sentido? Ela precisava conhecer o seu filho. Teria de ficar perto dele agora que o encontrara. O que mais uma pessoa poderia fazer? — Uma semana! gritou a senhora. Mas que maravilha! Bem-vinda a Storybrooke.
Emma pegou a chave. Lá fora, o segundo ponteiro no relógio da torre começou a se move.



Continuar...........

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