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segunda-feira, 30 de março de 2015

A Once Upon a Time Tale:Despertar Capitulo 3

Capitulo 3
NEVE E PAIXÃO



EM UMA ESTRADA, DEPOIS DO CASTELO DE MIDAS, O Príncipe Encantado e Branca de Neve se encontraram pela primeira vez, cerca de um ano antes de seu casamento. As condições do encontro, inicialmente, não foram nada amigáveis. Branca de Neve estava vivendo como uma fugitiva quando caiu da árvore sobre a carruagem do Príncipe e sua futura noiva, enquanto eles atravessavam a floresta. E claro que, naquele momento, Branca não sabia quem ele era, o que o futuro lhes reservava ou a maneira curiosa como ele havia chegado àquele noivado... Para ela, aqueles dois eram apenas um casal de ricaços e sua carruagem, apenas um alvo para ser saqueado. Seu objetivo era o mesmo que com os demais que ela havia roubado durante sua fuga: conseguir algum dinheiro e escapar ilesa. Para viver e lutar novamente. Para evitar a rainha e seus soldados, para descobrir uma maneira de limpar seu nome. Estirada em um galho horizontal no topo da árvore, ela observava lá de cima enquanto a carruagem rodava e então parava. O homem bastante arrogante, pensou desceu, caminhou pela trilha e investigou a árvore caída que tinha interrompido a passagem. A árvore estava na estrada porque Branca a havia derrubado durante a noite, colocando-a lá. Um plano simples e elegante. Ela ficou espantada com o número de vezes que funcionou. E, então, pulou da árvore em cima da carruagem. Em questão de momentos - e ela tinha ficado muito boa nisso —, Branca pegou uma bolsa lá de dentro, sem prestar atenção na sonolenta loura da realeza que estava sentada no banco, enrolando seu cabelo. A bolsa era tudo o que importava, — e quando saiu correndo notou seu peso. Haveria algo bem valioso lá dentro. Branca conseguiu alcançar um dos cavalos dos nobres antes mesmo que a loura começasse a gritar. Trinta segundos depois, com o vento no rosto, Branca de Neve galopava para longe montada em um fogoso cavalo castanho, já pensando na Ponte dos Trolls. E ficou surpresa quando ouviu um grito bem atras dela. Virou-se e viu o homem arrogante em sua perseguição. Branca revirou os olhos. "Eles sempre acham que podem me pegar", pensou. O homem, no entanto, surpreendeu com sua capacidade de andar a cavalo; quando olhou por cima do ombro de novo, ele estava a praticamente duas cabeças de distância. Branca esporeou seu garanhão mais uma vez, mas foi tarde demais, pois sentiu as pesadas mãos do homem em seus ombros, os dois caíram de suas montarias e colidiram com o solo.
Ambos rolaram juntos. Branca encolheu seu corpo como uma bola para suportar o impacto, mas ouviu o grunhido do homem e sabia que ele tinha perdido o fôlego com o tombo. Quando finalmente pararam de rolar, ele estava em cima dela, mas sua respiração era irregular. Ele olhou para o seu rosto, e Branca então percebeu que somente naquele momento o rapaz estava descobrindo que ela era uma mulher. E desdenhou a surpresa que viu em seus olhos. (Embora fosse obrigada a admitir que fosse um belo par de olhos.) Ela usou esse breve momento de estranhamento, os dois com os olhares travados um no outro, para bater no queixo dele com uma pedra. O rapaz caiu para trás, atordoado. Ela estava galopando para longe novamente quando ouviu as palavras dele atrás: Vou encontrar você! Vou acabar encontrando você! MARY MARGARET BLANCHARD caminhava sozinha pela Rua Principal, contando as rachaduras da calçada, com as mãos nos bolsos da saia. Havia tido um encontro com o dr. Whale. Um terrível, terrível encontro. Mary suspirou, chutou uma pedra, olhou para a torre do relógio. Quando fora mesmo a última vez que ela tinha saído com alguém que tivesse apreciado? Não sabia... Ele havia se mostrado superior, coisa que talvez ela devesse ter esperado. Afinal, ele era médico. Mas também se mostrara desinteressado, fazendo com que Mary Margaret sentisse uma antiga e familiar tristeza. Será que ela era tão chata assim na opinião das outras pessoas? Custava a fazer contato com os demais... Era difícil para ela... Era como se tivesse saído com os homens errados durante toda a sua vida. Ela... Seu devaneio foi interrompido pelo que viu do outro lado da rua: Emma Swan, a mãe biológica de Henry, sentada na frente de seu Fusca amarelo, lendo o jornal atentamente. Mary Margaret sorriu, atravessou a rua e bateu no vidro do carro. — Você decidiu ficar na cidade por causa de Henry disse Mary Margaret. —Não é? — Ela admirou essa atitude. Claro, não conseguia imaginar como seriam as coisas a partir dali, mas admirava mesmo assim. — Sim, decidi ficar respondeu Emma, espreguiçando-se e esticando as pernas. O que não posso acreditar e que não existam quartos para alugar nesta cidade. — Levantou o jornal. — E nem emprego... Como pode? — Não sei muito bem o motivo — disse Mary Margaret. — As pessoas por aqui gostam que as coisas fiquem como estão, acho eu. — E o que você está fazendo na rua há esta hora? Mary Margaret cruzou os braços. —Tive um encontro péssimo, muito obrigado... — Ah, um desses... — Emma assentiu. — Conheço muito bem. — Ninguém nunca disse que o verdadeiro amor era fácil, não é? —retrucou Mary Margaret. Emma assentiu com a cabeça novamente, e Mary Margaret pensou ter visto
alguma coisa nos olhos da outra — algo que tinha a ver com amor verdadeiro, talvez, e que a magoara—, e subitamente se sentiu péssima. Por que ela estava sempre falando mais do que devia? — Bem disse Emma. - Tenha uma boa noite. Vou voltar para o meu escritório. — Você sabe que poderia ficar na minha casa — disse Mary Margaret de repente. Isso a surpreendeu, mas enquanto aquela oferta ficou parada no ar entre as duas mulheres, decidiu que parecia a coisa certa a fazer, de alguma forma. Que poderia dar certo, e que as duas se dariam bem. Deu um sorriso em seguida e acrescentou: — Quero dizer, claro, apenas até você conseguir se estabelecer, entende? Isso é... hã... muito legal de sua parte— disse Emma. — Mas devo lhe dizer que não sou de lato. o tipo de companheira de quarto. Sem ofensa, sabe? Mas foi muito gentil de sua parte, muito. Gostei mesmo. — Claro— disse Mary Margaret. E deu um passo para trás. Claro. O que for melhor para você. Elas se separaram, e Mary Margaret foi para casa, tentando se distanciar do sentimento de ser rejeitada duas vezes na mesma noite. No dia seguinte, iria como voluntária ao hospital. As pessoas de lá, pelo menos, ficariam felizes em tê-la por perto. O que a teria compelido a fazer esse tipo de oferta a uma pessoa totalmente desconhecida? Ela não sabia. Não tinha a mínima ideia. — ENCONTREI SEU PAI. Sentada ao lado de Henry na plataforma superior de seu "castelo", com as pernas penduradas, Emma olhou para ele. —Perdão, não entendi... —disse ela. Era sábado, mas Regina ficaria ocupada durante todo o dia, o que significava que Emma e Henry poderiam passar algum tempo juntos. Ela já viera se encontrar com ele ali antes, e isso realmente parecia bem melhor. Não havia razão para envolver Regina, nenhum motivo para fazer uma confusão de tudo isso. Duvido seriamente disso, rapaz, completou Emma. Porque certa vez Emma já tentara encontrá-lo. Encontrar os dois, pai e mãe. Não tinha ido muito longe, uma vez que as circunstâncias de seu próprio abandono quando bebê eram um pouco turvas. Não havia nada. Necas. Por isso, não havia uma chance em um bilhão de que esse moleque soubesse de alguma coisa que ela desconhecesse. Não, é verdade — insistiu Henry. — Ele esta aqui, aqui na cidade. O garoto se virou e pegou o tal livro. Emma olhou para o céu rapidamente, percebendo agora o que ele quis dizer. Ele só ficava indo e vindo, sempre com a mesma história... — Veja disse Henry, virando as páginas ate chegar a uma que mostrava um homem, um homem bonito, de queixo forte, olhos fechados. Seu queixo sangrava e ele estava deitado na grama. —É o Príncipe Encantado. Depois que Branca de Neve
o acertou com uma pedra e fugiu. Mas, escute, que tipo de versão distorcida da Branca de Neve você esta lendo nessa historia, garoto? — perguntou Emma, pegando o livro e folheando as páginas para trás, deixando os olhos vaguearem ao longo do texto. — É complicado — disse Henry —, mas o ponto é que ele está aqui, e é o amor verdadeiro da srta. Blanchard. e ela nem sequer tem ideia de que ele está aqui. Eu o vi. No hospital. Ele está em coma há muitos anos. Emma virou as páginas de volta para a imagem. — Esse sujeito? — perguntou ela, apontando para a figura. — O nome dele é John Doe — disse Henry. — Então, eles não sabem quem ele é. —E verdade, mas eu sei — disse ele. — E agora você sabe. E temos de fazer com que ele acorde, para então se lembrar da srta. Blanchard. Emma estava se prendendo à sua estratégia de seguir o que Henry dissesse. E a pergunta seguinte veio muito naturalmente: — Ótimo, e como vamos fazer isso? — Já pensei nessa parte —respondeu o menino. — Tudo o que precisamos fazer é levá-la para que ela leia essa história para ele. — Que história? — A historia dos dois se apaixonando... É importante. Emma não disse nada, apenas olhou para a agua. — O que foi? — perguntou Henry. —Você não acha que é isso? — Não, na verdade, acho que é respondeu Emma. Acredite ou não, acho, de verdade, que sim... Henry sorriu um sorriso radiante, irresistível. Então, você vai ajudar. — Claro que sim — disse ela. Mas vamos fazer isso do meu jeito. Não do seu jeito. Do meu. Entendeu? — DEIXE-ME VER SE ENTENDI — disse Mary Margaret, olhando para Emma com ceticismo. — Você quer que eu leia aqueles mesmos contos infantis que dei a Henry para esse John Doe? Que está mergulhado em coma profundo há anos no hospital? — Isso mesmo! — E quer que eu faça isso porque Henry acha que a história vai acordá-lo, porque ele é o Príncipe Encantado e eu sou a Branca de Neve, e nós somos almas gêmeas, e o verdadeiro amor pode destruir a maldição? — Sim —respondeu Emma, assentindo com a cabeça e mordiscando seu aipo uma vez mais. — Exatamente isso. — Isso é loucura. Emma ergueu a cabeça. — Um pouco — disse ela. — Mas não tanto assim. Elas estavam no apartamento de Mary Margaret, ambas sentadas no sofá.
Mary Margaret ficou contente quando Emma bateu à porta e, inicialmente, chegou a pensar que era sobre aquela oferta de dividirem o apartamento, mas Emma, que ao que parecia sempre fora muito direta, já começou a explicar sem rodeios o plano que envolvia aquele desconhecido no hospital. Era tudo ridículo. Mas Mary Margaret estudou a estranha mulher, pensando nas implicações do plano, no que isso significaria. Ela estava certa. Talvez não fosse tanta loucura assim. — E o que você não disse completou Mary Margaret — e que ele não vai acordar, Henry verá isso, e será uma forma gentil de mostrar que ele pode estar errado sobre essa maldição e tudo o mais... Emma deu um sorriso rápido, mordendo novamente seu aipo. —Mais ou menos por aí — disse ela. E, assim, Mary Margaret concordou. Por quê? Havia milhares de razões. Ela gostava de Emma Swan, gostou do plano para ajudar Henry, e da elegância simples daquela solução. Gostou, também, da oportunidade de ler para um paciente, um paciente muito bonito, na frente do Dr. Whale. Sim, essa parte era bobagem, mas, se ela estava sendo honesta, teria de admitir que notara John Doe várias vezes, todas as vezes que passou por ele e sentiu um vislumbre de tranquila familiaridade roçando em algum lugar de sua mente. Em seu caminho para o hospital, com o livro debaixo do braço, ela se perguntou se gostava de John Doe porque ele sempre estivera lá, sempre tão consistente, um homem sempre tão confiável. Não, ele não conversara com Mary Margaret, ele não tinha ideia de quem ela era, mas sempre permaneceu o mesmo. Ele era como ela. Estava sozinho, e preso ali em Storybrooke. Era incrível para ela como a vida parecia mudar pouco naquela cidade. Estava ali há tanto tempo, mas, a cada ano, as crianças pareciam ser as mesmas, seus confusos sentimentos sobre Storybrooke pareciam ser os mesmos, e sua solidão — alguma parte obscura de si mesma que simplesmente não acreditava que ela fora feita para ser uma pessoa caseira, que não conhece ninguém, que passa as noites ali sozinha, bebendo chá— , bem, essa situação nunca mudava. E como era Storybrooke, estagnada ou segura? Era ambas as coisas, estagnada e segura. Pequenas coisas como essa visita ao hospital funcionavam tanto como trabalho em si como para ocupar o seu tempo. Sentou-se na beirada da cama do desconhecido, deixou-se ficar confortável e abriu o livro. Olhou para as palavras, olhou de volta para John Doe. — Sei que é estranho disse ela. — Estou fazendo isto por uma amiga. Tente ser paciente comigo. Ela olhou através das amplas janelas de vidro e viu o Dr. Whale do lado mais distante do andar, fazendo sua ronda, a cabeça presa em uma planilha. Olhou de novo para John Doe e ergueu as sobrancelhas. — Desculpe se ficar chato. Ela leu a história que Emma tinha indicado, e a história lentamente tomou forma sozinha. Era sobre Branca de Neve como fugitiva, nada mais que uma ladra
que se escondia nos bosques; leu sobre o primeiro encontro com o Príncipe, e sobre o segundo encontro, e a combustão lenta dos sentimentos que começaram a brotar entre os dois, que tinham muito mais em comum do que poderiam imaginar. Mary Margaret não tinha lido o livro todo antes de dá-lo a Henry, e em um ponto ela fez uma pausa, olhou para John Doe e disse: — Talvez este livro não seja apenas para crianças. O que você acha? Para ela, parecia adequado a todas as idades. Ela viu a palavra de novo: "bandido". Alguém fugindo, alguém que quebrou as regras, alguém que viveu corajosamente, viveu de uma forma que não se encaixava nas normas sociais. Não, ela não era definitivamente uma bandida, não. Era uma pessoa boa, cuidadosa, gentil, cautelosa, cumpridora da lei. Ela não gostava de criar problemas. Não era como Emma Swan. Ela queria ser, mas não sabia como fazer isso. "Posso não ser uma bandida", pensou. "Mas tenho um coração bandido." Mary Margaret ainda estava presa na emoção da história quando chegou ao final. e seus olhos se moveram para as últimas linhas, sua curiosidade aguçada pelo conto. O Príncipe Encantado e a Branca de Neve estavam ficando juntos, mesmo que tivessem brigado o tempo todo. Leu: "... Um olhou nos olhos do outro; e não precisaram de palavras para expressar o que sentiam no coração. Pois era aqui. à sombra da Ponte dos Trolls, que o amor deles tinha nascido. E eles sabiam, não importa o quanto estivessem separados, que sempre encont...". Mary Margaret parou, com a voz presa na garganta. Impossível. Mas ela sentiu. Lentamente, já sabendo o que veria, deixou que seus olhos se movessem do livro para a mão esquerda, que o segurava. Seu coração, já batendo rápido, começou a disparar. A mão de John Doe estava em sua mão. Não apenas pousada em sua mão. Mas apertando-a. Ela se levantou, cobriu sua boca, afastando a mão dele da sua. Depois de um último olhar para os olhos dele, ainda fechados, ela foi procurar o Dr. Whale. BRANCA DE NEVE DEU UMA ÚLTIMA OLHADA em seus pertences, sabendo que provavelmente tinha se esquecido de alguma coisa importante, mas também atormentada demais para se preocupar com isso naquele momento. Sua casa no tronco da árvore não ficava longe do lugar onde roubara o tolo arrogante (e bonito) e o derrubara com uma pedra, e pensou então que seria mais prudente desocupar a área. Mas havia algo sobre aquele homem... Ela olhou para o seu pertence mais precioso: o pequeno frasco de cristal com uma quantidade minúscula de um potente pó de fadas. Havia aprendido a lutar com as mais diversas armas ao longo dos últimos meses, mas esta era de ordem superior. Magia. Com aquele pó ela seria capaz de derrubar ate o mais perigoso
dos inimigos. O plano dela, é claro, era utilizar o pó contra a Rainha Má. Ela não sabia como poderia vir a ter essa oportunidade, ou quando ela viria, mas, quando isso acontecesse, Branca de Neve estaria pronta. Prendeu o frasco ao redor do pescoço, amarrou o ouro em sua cintura e afastou- se da árvore. Deu um passo e então sentiu o chão debaixo de seus pés começar a se mover. E se mover para cima, na verdade. Uma rede, coberta de folhas. Antes que ela pudesse reagir, viu-se pendurada a seis metros de altura, amarrada, presa. — Oi, olá, você ai em cima ouviu-se uma voz, uma voz que ela reconheceu, e uma expressão sombria surgiu em sua testa. Era ele, o homem arrogante. Lá estava ele, com as mãos sobre os quadris, parecendo muito orgulhoso de si mesmo. — Eu avisei que encontraria você. — Ora, por favor... - disse Branca de Neve, pegando a adaga. Puxou-a e já estava prestes a começar a cortar a rede. — Ah-ah-ah-ah! - disse o Príncipe, vendo isso. Será uma bela queda, e tome cuidado, é bem possível que quebre o pescoço. Posso baixar você até aqui, com muito cuidado... Eles olharam um para o outro. ... Por um preço — acrescentou. — E essa e a única maneira que você consegue pegar uma mulher Capturando-a em uma rede? — E o meu método preferido de capturar ladrões, na verdade - respondeu ele. - Tenho vários outros métodos para a captura de mulheres. — Bem, você não e um verdadeiro Príncipe Encantado? — disse Branca de Neve. Ele sorriu diante disso. — Tenho um nome de verdade... — Não me interessa retrucou ela. — Você e o Príncipe e pronto. Tire-me daqui, Príncipe. Ele parou de sorrir. — Sem dúvida, assim que devolver o que é de minha propriedade. — Já se foi há muito tempo... Então, vamos ter de recuperá-la. Imagino que não tenha ido muito longe. Aquela bolsa continha um anel de casamento muito querido para mim. Ele me foi dado pela minha mãe, na verdade. — Ah, claro disse Branca de Neve, revirando os olhos. —Aquela chata na carruagem! Ah, ali! Claro que você se casaria com alguém assim. Deixe-me adivinhar. Ela é uma princesa. O casamente é e muito importante. — Você é incrivelmente rude para alguém na sua situação, presa em uma rede — disse o Príncipe. — Está ciente disso? — Por que eu iria ajudá-lo? — perguntou Branca de Neve. — Por que diabos iria ajudá-lo a encontrar o seu lindo anel? E o que você vai fazer? Vai me torturar se não achar o seu anelzinho?
— Não respondeu o Príncipe, e agora Branca de Neve podia ouvir em sua voz que ele tinha parado de jogar o seu jogo. Eu não faria isso, mas alguém mais sim, provavelmente. Ela o estudou através dos buracos da rede. Ele olhou de volta, sem pestanejar. — O que quer dizer? — Quero dizer que sei que você é Branca de Neve - disse —, e se você não me levar a essas joias, vou entregá-la aos homens da Rainha. - Dizendo isso, puxou de dentro do colete um cartaz dobrado de "Procura-se" e, depois de desdobra-lo, ergueu-o para que ela o visse. A semelhança era incrível. Ela duvidava que tivesse algum sentido protestar. A escolha é sua. Ajude-me ou eu a entrego. E tenho a sensação de que a Rainha não seria tão encantadora quanto eu. ELA CONCORDOU EM LEVAR O PRÍNCIPE ao lugar em que tinha vendido as joias, e ele imediatamente a baixou da armadilha, dizendo-lhe que confiava que ela não fugiria de novo, porque ele iria encontrá-la mais uma vez, não faria diferença. Por mais que ela pudesse ter gostado de acertá-lo no queixo com uma pedra (de novo), era mais razoável ir recuperar o anel. Durante três horas eles caminharam e conversaram pouco, e durante todo o tempo Branca de Neve bufava enquanto abria caminho pelo bosque. Logo atrás dela, o Príncipe caminhava casualmente, e havia algo na arrogância dele que ela detestava. Perto do meio-dia ele disse que deviam descansar e ela inclinou-se contra uma árvore, olhando para o oeste. —E o que é isso? — perguntou ele. Branca percebeu que estava brincando com o talismã que usava em torno do pescoço. — Não é da sua conta — disse ela, puxando a mão para longe do frasco de vidro. — Agora é disse ele, e com um movimento rápido arrebatou o delicado objeto e puxou-o do pescoço dela. — Cuidado! — gritou ela. — E uma arma. E pó de fada. Transforma qualquer inimigo em algo facilmente esmagável! O Príncipe, divertido, levantou uma sobrancelha e estudou o pequeno frasco de vidro. —É mesmo? — perguntou ele. — E então por que não usou isso contra mim? — Estou guardando para alguém que importa de verdade disse Branca de Neve. —Como a Rainha? —Não interessa. — É, talvez não disse o Príncipe. Mas diga-me, o que exatamente você fez contra ela para merecer tamanha ira? E impressionante. Ela odeia a si mesma, e por isso odeia todos os outros também, em especial a mim, aparentemente. Não fiz nada contra ela. O Príncipe estudou-a, e ela olhou para trás, ciente do fogo em seus próprios
olhos e sem fazer nada para esconder isso. Ele deu de ombros. — Muito bem, então — disse ele. — Ensine-me a bisbilhotar. E lhe devolveu o frasco. — O quê? — Exclamou Branca de Neve. Você está... me devolvendo? —Ele não estava jogando pelas regras de senhor e prisioneiro. — Sim respondeu ele, encolhendo os ombros novamente. Claro. Parece-me que você vai precisar disso. HENRY E EMMA SENTARAM-SE JUNTOS na lanchonete, à espera que Mary Margaret chegasse para contar como fora a leitura da história para John Doe na noite anterior. — Não quero que você tenha muitas esperanças — disse Emma, bebericando seu chocolate quente. — Nós... Os dois ergueram os olhos quando Mary Margaret, parecendo mais animada do que Emma jamais a vira antes, entrou na lanchonete e seguiu em linha reta para a mesa deles. — Ele acordou disse ela com simplicidade, deslizando para dentro do compartimento. Emma não queria nem adivinhar que tipo de sorriso se estampava no rosto de Henry. Não era esse o plano. — Eu... O que você disse? — perguntou ela. Ele agarrou minha mão. Bem no final da história. Ele está se lembrando— disse Henry. Assentiu com a cabeça para si mesmo, como se isso fizesse todo o sentido do mundo, e se levantou. — Vamos para o hospital— disse ele. —Vamos lá! — e correu para a porta. Emma inclinou a cabeça e olhou para Mary Margaret. O que você está fazendo? — disse ela. — Ele realmente segurou a minha mão! — insistiu Mary Margaret, parecendo-se mais com Henry falando do que Emma se preocupou em considerar. — Fizemos... Não sei, houve algum tipo de ligação. — Não é do tipo que tem a ver com as Brancas de Neve e os Príncipes Encantados, por acaso? Não, não — disse Mary Margaret. — Foi... apenas uma ligação. — Bem, então acho melhor irmos ver por nós mesmos — completou Emma. O XERIFE GRAHAM encontrou-se com todos eles na porta do hospital, com as mãos espalmadas para frente, o que fez Emma pensar que algo mais tinha acontecido. — O que aconteceu? — perguntou ela. Nada com que você tenha de se preocupar— respondeu Graham, olhando por cima de seu ombro. — Suponho que estejam aqui por causa do que aconteceu ontem à noite, não?
Entre John Doe e a Srta. Blanchard? Graham cumprimentou Mary Margaret com a cabeça, e Emma lembrou-se de que todas essas pessoas tinham relações. Só que não tinha ideia de qual seria a deles dois. — Mas o que há de errado? — perguntou Mary Margaret. —Ele está bem? —Não é que não esteja bem — disse Graham, virando-se e guiando-os pelo hospital. —E que ele se foi. — Como assim, se foi? — disse Emma. — Como isso é possível? Eles se aproximaram do dr. Whale, que balançava a cabeça, estudando um gráfico. — Não temos muita certeza — disse Graham. — Não é possível — disse o dr. Whale. — Cientificamente, pelo menos acrescentou. — E ainda assim ele não está aqui disse Emma. — Será que alguém o levou embora? — Não sei. O Dr. Whale ficou em silêncio, olhando acima dos ombros dos interlocutores. Emma ouviu o clique de saltos altos batendo no piso. Ficou tensa e virou-se a tempo de ver Regina caminhando em direção a eles. — O que elas estão fazendo aqui? — exigiu saber a prefeita. Que tipo de operação você está executando aqui, xerife? Isso é ou não a cena de um crime? —O que você fez? — Henry perguntou a Regina. O rosto dela se suavizou um pouco quando olhou para ele, ela inclinou-se e tocou-lhe o ombro. — Nada, Henry. Vim aqui para descobrir o que aconteceu com ele. Por que a prefeita se envolveria com uma pessoa desaparecida?— perguntou Emma. Regina se endireitou. — Porque sou o contato de emergência dele. —Você o conhece? — perguntou Mary Margaret. — Como? — Não o conheço, eu o encontrei disse Regina. — Anos atrás. Ao lado da estrada. Mas esperem... — disse Mary Margaret. Se ele está lá fora, em algum lugar, onde quer que esteja ele pode... Não se pode simplesmente acordar de um coma e ficar bem. — Ela olhou para o Dr. Whale. —Pode? — Ele ficou com tubos de alimentação durante anos, as pernas estão atrofiadas, e, se estiver consciente, deve estar desorientado e em pânico. Assim, respondendo à sua pergunta, não. Ele não está bem. Precisa voltar imediatamente Não quero especular sobre o que poderia acontecer a esse homem. —Então, encontre o — ordenou Regina, pegando a mão de Henry. — Este lugar não é para você disse ela. Vamos lá. Não quero que você ande com aquela mulher
Protestando com os olhos, Henry olhou para Emma conscientemente antes de ser arrastado para fora. Ela sabia o que estava se passando em sua mente. Encontre-o, ele estava dizendo para Emma. UMA HORA A MAIS em sua caminhada, Branca diminuiu o ritmo e, em seguida, parou o Príncipe colocando a mão em seu braço. — Tudo bem — disse ela, olhando em direção à ponte. Estamos aqui. Temos de ter cuidado. — Cuidado com os trolls? — perguntou o Príncipe. — Você está brincando? Você já se encontrou com um trolls? O Príncipe olhou para ela. — Então, temos de ter cuidado —ela repetiu, e em seguida levou-o até a ponte de pedra. Ela odiava trolls, mas eles não eram os piores parceiros de negócios. Sempre tinham ouro e sempre pareciam dispostos a comprar dela os bens roubados. Seu coração começou a bater um pouco mais rápido que antes, e Branca de Neve se aprumou, respirou fundo e, juntos, ela e o Príncipe saíram para ficar sobre a ponte. Ao vê-la olhando para si, ele sorriu de volta. E Branca se viu um pouco desarmada com isso, na verdade. O quê? — perguntou ela. — E agora? — disse ele, indo até a borda, olhando para baixo. Temos de fazer ruído de trolls? — Não — disse Branca, pegando a bolsa. Temos de bater à porta deles. Ela pisou na pedra coberta de musgo e depositou meia dúzia de moedas de ouro na borda da ponte. — Dê um passo atrás — ordenou ela, e o Príncipe obedeceu. Primeiro, ouviram o som de coisas raspando. Branca já tinha visto os trolls escalando a grande estrutura de suporte da ponte, e não tinha vontade de ver isso novamente. Eles eram como aranhas, só que ainda mais feios. Os trolls viviam lá embaixo, onde ela imaginava que devia ser uma imundície. Ela estremeceu só de visualizar como deveria ser... "Deus me livre de um dia encontrá-los naquele lugar", pensou. O Príncipe, com um olhar impertinente no rosto enquanto ouviam o som, disse: — Então, eles são... O líder dos trolls foi o primeiro a aparecer, pulando ao lado da ponte. Magro, trôpego, revestido de musgo e terra, ele se arrastou sobre a borda e se endireitou sobre seus oito pés. Branca tocou a mão do Príncipe, que ele havia movido para o punho da espada, e negou com a cabeça. Ele olhou para ela e deixou a mão cair ao lado do corpo. — Não é muito carismático, não? — murmurou. — Quem, em nome de Deus, é esse? — trovejou o líder dos trolls, apontando para o Príncipe. Depois, esticou lentamente o pescoço e olhou para ela. — E você, por que voltou? Nosso negócio já foi feito.
—Estou aqui para fazer um novo negócio — disse ela calmamente. Quero comprar de volta um item: o anel. O líder dos trolls franziu a testa, resmungou, olhou para um de seus compatriotas, que surgiu com um pequeno saco de estopa, cavou lá dentro e tirou um anel. Ele ergueu o objeto, e depois o deixou cair de volta no saco. — Não vou fazer negócio com ele aqui — disse o troll. —Perguntei uma vez e vou perguntar de novo. QUEM E ELE? Estas últimas palavras explodiram para fora dele, como se viessem de algum poço de raiva e tormento. Branca não permitiu que seu rosto mostrasse nenhuma emoção, mas estava com medo. Muito assustada. — Ele não é ninguém — respondeu. — Vamos fazer o negócio. E se eu lhe der todo o seu dinheiro de volta e você só me der o anel? Pode ficar com todo o resto. Ele inclinou a cabeça, pensando no que a garota dissera. Finalmente, depois de um longo e cético olhar para o Príncipe, virou-se para um de seus companheiros e assentiu. O outro troll puxou novamente o saco cheio de joias. — Obrigado — disse o Príncipe. E Branca pensou: "Não, não faça isso, não agradeça a ele". Mas o rapaz não captou seu olhar de advertência, e continuou com suas maneiras ridículas: —Apreciamos muito a sua ajuda. O líder dos trolls ergueu a mão, olhando para o Príncipe, dizendo para o outro troll esperar. — Olhe para essas mãos zombou o chefão, apontando para as unhas limpas do rapaz. E sorriu diabolicamente. — Olhe que traseiro bem alimentado... Esse sujeito é um nobre! O chefe dos trolls rosnou estas últimas palavras e Branca soube imediatamente que o negócio não prosperaria, pelo menos não de modo civilizado. Todos os cinco trolls puxaram suas adagas. — E daí? — perguntou o Príncipe, em tom de desafio na voz. Branca baixou a cabeça. Nunca admita isso — sussurrou ela. — Peguem o bonitão! — ordenou o chefe, e os outros se moveram em torno do Príncipe, que empurrou Branca para longe e ergueu a espada. Contudo, nem teve a chance de usá-la. Foi cercado e derrubado pelos velozes trolls com movimentos felinos, que se mostraram incrivelmente suaves e duas vezes mais rápidos que o seu aspecto desajeitado sugeria. Branca observou impotente enquanto eles rasgavam o saco que o Príncipe carregava e que continha todas as posses da jovem. Tudo o que o Príncipe havia tirado dela caiu ao chão, e logo um dos trolls tinha encontrado o cartaz dobrado de "Procura-se" nas vestes do Príncipe. O chefe da gangue desdobrou-o, deu uma olhada por muito tempo e balançou a cabeça, olhando para ela. Branca de Neve — disse ele. — Temos feito negócios com a Branca de Neve durante todo esse tempo! — ele riu. Que bela recompensa! —disse, e depois ordenou aos seus capangas. — Peguem a garota também! Dois dos trolls vieram em direção a ela, e, enquanto se moviam Branca
vislumbrou que o Príncipe estava se livrando dos outros. Ela se abaixou no último instante e os dois trolls a perderam. Enquanto se arrastava até a frente para recolher os seus pertences, bem como as joias, viu o Príncipe jogando um dos trolls nos outros dois, o que era impressionante, pensou, e imediatamente percebeu que ambos tinham agora o caminho livre para fugir. —Venha! — gritou Branca, e se virou para correr. Ouviu, então, os passos dele bem atrás dela e em seguida ele sendo derrubado. Branca olhou para trás e viu: outro troll havia subido pela ponte e agarrado o tornozelo do Príncipe bem na hora em que ele estava passando, e agora todos os outros estavam empilhados em cima dele. Se ela partisse, estaria livre e teria tudo. Mas ele estaria morto. Branca não pensou por muito tempo. Deixou cair a bolsa no chão e abriu o frasco do pó, tudo em um mesmo movimento, então girou nos calcanhares e voltou para onde estava ocorrendo a briga. O chefe dos trolls viu a chegando e lhe lançou um sorriso nojento: — O sangue real é o mais doce. Em resposta a essa frase, Branca jogou um punhado de pó em sua cara. O monstro virou uma lesma e caiu por uma rachadura da ponte. Os outros trolls vieram para cima dela e, um por um, ela atirou um pouco de pó neles, transformando-os em caracóis. Quando terminou, o Príncipe estava sozinho deitado na ponte, olhando para ela, abismado, enquanto alguns caramujos impotentes se arrastavam pelas travessas de madeira. O frasco do pó das fadas estava vazio. Você me salvou... disse ele, ficando de pé. — Obrigado! —Foi à única coisa honrada a fazer naquela hora - disse Branca. O príncipe olhou para o frasco vazio. Mas agora você não tem mais sua arma. — Mas vou pensar em outra maneira... — respondeu ela. — ... de matar quem preciso matar. Eu não podia ir embora e deixar o Príncipe Encantado morrer. —Tenho um nome, você sabe — disse ele. — É James. Bem, James... Prazer em conhecê-lo. Branca estava quase envergonhada pela maneira como ele estava olhando para ela agora, e sentiu-se corar. Virou-se de costas, para que ele não visse. — Vamos— disse ela.— Vamos sair daqui antes que mais desses trolls apareçam. —Ele acenou com a cabeça. Os dois caminharam juntos, lado a lado. Branca ouviu um som gratificante quando o Príncipe pisou, firme e deliberadamente, em um dos caracóis. EMMA, GRAHAM E MARY MARGARET vasculharam o bosque por horas, na esperança de encontrar o homem perdido, cada um deles lançando o feixe de luz da lanterna para frente e para trás nos troncos das árvores e nos arbustos grossos, espinhosos. Graham era um bom rastreador, e conseguiu seguir a trilha de John Doe por uma distância bem razoável, antes de perder os rastros. Mary Margaret
observou Emma, parecia estranhamente emocionada com tudo isso Emma se perguntou o que poderia estar acontecendo em sua cabeça. Provavelmente devia estar pensando que de algum modo era responsável por aquilo. Que Deus a ajudasse se ela estivesse achando que aquele era seu Príncipe Encantado, pensou Emma. Eles se separaram no ponto em que a trilha terminou, mas os três se reuniram de novo depois de trinta minutos de busca de pouco sucesso. Emma estava a ponto de sugerir que deviam esperar até de manhã para retomar a busca quando ouviram um barulho na direção do hospital. —Quem está aí? — perguntou Graham seca e decisivamente na direção do ruído. Sem responder, Henry apareceu na clareira, com o sorriso que era sua marca registrada estampado no rosto. Meu Deus, garoto disse Emma, indo em direção a ele. — Sua mãe vai me matar se souber que você está aqui fora. — Você já o encontrou? — perguntou Henry, olhando de Emma para o xerife Graham. — Desculpe Henry — disse Graham. — Ainda não. E Emma tem razão, precisamos levar você para casa. Posso ajudar, pessoal — disse Henry — Sei para onde ele está indo. —Para onde? — perguntou Mary Margaret. — E como pode saber disso? —Sei por que já conheço a história, entendeu? — respondeu Henry. —Venham! Escapou antes que Emma pudesse segurá-lo pela parte de trás da camisa, e, depois de um momento estranho em que um ficou olhando silenciosamente para o outro, os outros três correram atrás dele, chamando-o pelo nome. "Mas que moleque rápido", pensou Emma, esquivando-se à esquerda e à direita para evitar troncos pouco visíveis na escuridão. Ela corria depressa para manter a luz da lanterna firmemente para frente, mas só pegava vislumbres ocasionais da grande mochila de Henry saltando. — Ei, garoto! — gritou ela. — Vamos lá! Aonde você vai? Mas Henry não diminuiu o passo. Ele os levou pela floresta até que ela e Graham surgiram ofegantes, na clareira às margens de um rio que Emma ainda não tinha visto. Henry parou e se virou, esperando que eles se reunissem, porque Mary Margaret tinha ficado para trás. e então finalmente ela emergiu do bosque também. — É a ponte — disse Henry, apontando para a escuridão. Emma olhou para onde ele apontava. O caminho que levava para fora de Storybrooke atravessava o rio ali, seguindo por aquela ponte branca e enferrujada. Quando ela olhou para Henry, pronta para lhe perguntar o que estava falando, o menino já examinava o local ao redor, perto da linha das árvores. — Ele tem de
estar aqui, em algum lugar. — Ah, meu Deus disse Mary Margaret, com a mão sobre a boca. Apontou para o rio. — Vejam! — disse. — Ele está lá. Eu o vi! John Doe estava lá, de fato. Caído de bruços no rio, sem se mexer, e o camisolão do hospital ondulava em uma nuvem à sua volta. Graham foi o primeiro a chegar até o homem, vadeando o rio. Conseguiu erguer John Doe rapidamente e arrastou-o para a margem, e em seguida puxou o walkie- talkie do cinto e chamou uma ambulância. Enquanto ele falava, Mary Margaret ajoelhou-se, colocou a mão no peito de John e, lentamente, inclinou-se sobre o seu rosto. —Volte para nós — sussurrou em seu ouvido. Emma, sentindo-se desconfortável, porque estava certa de que aquele homem tinha morrido, observava sombriamente de cima enquanto Mary Margaret fazia respiração boca a boca no suposto cadáver. Emma não sabia exatamente como agir em relação a tudo aquilo. Não tinha coragem de dizer a Mary Margaret o que era óbvio. Segurando o pulso de John Doe, à espera de batimento, Graham provavelmente estava pensando a mesma coisa. Estaria ela louca ou Mary Margaret estava mesmo beijando John Doe? Pouco tempo depois, Henry estava de pé ao lado de Emma, observando a cena também. Ela sentiu uma intensa necessidade de cobrir os olhos do menino. — Ele vai ficar bem — disse Henry com conhecimento de causa. — Não se preocupe. Ela precisa beijá-lo para que acorde. Faz total sentido. Não é besteira. — Vamos torcer para que ele acorde garoto — disse ela, colocando a mão em seu ombro. — E não me importo se isso faz sentido ou não. Emma podia ouvir as sirenes à distância agora; Graham, assistindo a tudo com profunda expressão de tristeza, parecia estar à beira de parar Mary Margaret, impedindo a de continuar com aquilo. Ele olhou para Emma e ela deu de ombros. E então John Doe engasgou. Emma podia sentir a excitação de Henry com aquele som, e deu alguns passos em direção a eles, seguida por Henry Ela conseguiu acordá-lo —disse Henry Emma não sabia direito o que tinha acontecido. Virou a luz de sua lanterna no rosto de John Doe e ficou chocada ao ver que seus olhos estavam abertos. Ele estava olhando para Mary Margaret. — Obrigado — conseguiu dizer o homem. Ele enxugou o rosto, molhado da água do rio, e olhou em volta, confuso. — Meu nome é Mary Margaret. Você sabe quem você é? Ele olhou para ela, aparentemente procurando a resposta. — Não — finalmente respondeu. — Eu... eu não sei... MINUTOS DEPOIS A AMBULÂNCIA CHEGOU, e o dr. Whale e os paramédicos
levaram John Doe. Emma observou Mary Margaret, que olhava para eles com preocupação. Em um minuto, a ambulância se afastou. Ela entendeu mal, pensou Emma, olhando para Mary Margaret, que agora tinha começado a brincar com o seu colar. Devemos ir para o hospital e ver como ele está — disse a professora para ninguém em especial. Emma se aproximou. — Sim concordou, assentindo com a cabeça. Devemos ir até lá. Venha, vamos. Eles marcharam em silêncio até o degrau e escalaram a ponte, para atravessá- la. Emma sorriu um pouco quando viu a placa presa à ponte. Estava escrito, em simples letras pretas, PONTE TOLL, anunciando que um dia ela deveria ter tido um pedágio ou coisa assim. Mas alguém tinha achado divertido rabiscar um "R" entre o "T" e o "O"... O PRÍNCIPE E BRANCA DE NEVE tinham corrido quilômetros pela floresta antes de parar para respirar, sempre mantendo um ritmo acelerado enquanto mantinham boa distância dos trolls. Branca era uma corredora melhor que o Príncipe, ela logo percebeu, e diminuiu o ritmo (apenas ligeiramente). Depois de uma hora, a corrida tornou-se caminhada. Eles estavam seguros. Não havia mais nenhuma razão para ficarem juntos, reconheceu Branca. E ainda assim continuaram caminhando lado a lado, sem dizer nada. Andaram mais um pouco. Um pouco mais. Finalmente, depois de se passar mais uma hora, ambos chegaram a estrada, e lá existia uma bifurcação. Era o momento de partir. O Príncipe olhou para suas botas e disse; Bem. Isso tudo foi muito interessante... — Foi, concordo — disse Branca. — Você esmagou um deles quando fugimos... e olhou para ele maliciosamente. — Certamente não foi de propósito, foi? —Ah, não... — disse o Príncipe, fixando o olhar nos olhos dela. — Foi de propósito, sim. Achei aquele som de esmagar muito gratificante... Ela riu. E ambos riram um pouco, um de frente para o outro. — Acho que devemos fazer a nossa troca disse o Príncipe. Estamos indo em direções diferentes. — Você está certo — disse ela. Seus olhos pousaram nos olhos dele por mais um momento, e então ela enfiou a mão no colete e retirou de lá o pequeno saco de joias. Ele, por sua vez, pegou a bolsa com as moedas de ouro. Segurou no alto, deixou-a cair na outra mão e virou a palma para cima. Branca esvaziou ali o saco de joias. Ambos olharam para baixo enquanto ele vasculhava e achava o anel. — Eu sei, eu sei — disse ele, olhando-a nos olhos. — Não é o seu tipo de joias. — Quem sabe? — disse ela, arrancando o anel da mão do Príncipe. — Só há uma maneira de descobrir, certo? Ela sorriu e deslizou-o em seu dedo. O encaixe foi perfeito, e ela ergueu a mão, espalmando os dedos.
— Você está certo — disse ela. — Não é para mim. Ele assentiu com a cabeça, colocou o restante das joias de volta no saco, e tomou a mão dela na sua. Quando ele tirou o anel de seu dedo, disse: Se precisar de mais, pode ficar com todo o restante das joias. Esso não é necessário disse Branca. Nós dois conseguimos o que precisávamos hoje. Acho... —Sim. talvez sim — disse o Príncipe. O momento embaraçoso se passou, e Branca resistiu ao impulso de dizer algo bobo, para aliviar a tensão daquela situação. Mas não quis. — Boa sorte para você — disse ele. Então: — Se precisar de alguma coisa... — ... você irá me encontrar? — sugeriu ela, e um sorriso leve apareceu em seu rosto. Sim — disse ele. — Sempre... Você sabe que isso pode parecer loucura — ela disse —, mas acredito em você. Ele assentiu com a cabeça e deu um passo para trás. — Talvez devamos esperar e descobrir — disse ele. Balançou a cabeça de novo e olhou para a trilha que deveria seguir. E girou de volta para ela. —Adeus, Branca de Neve — disse. —Foi um grande prazer fazer negócio com você. — Adeus, Príncipe Encantado — respondeu ela, e girou, nos calcanhares, descendo a trilha a seu lado. Ela não se virou para olhar, porque não queria que ele visse que suas faces estavam muito coradas. ELES TINHAM DE ANDAR todo o caminho de volta ao pequeno hospital de Storybrooke, e no momento em que chegaram, Emma observou novos veículos estacionados na frente do prédio. Olhou com desdém para o Mercedes de Regina, em seguida para a ambulância estacionada em cima das listras de emergência perto da porta de entrada. Dentro do prédio, um grande número de enfermeiros, bem como o dr. Whale, estava reunido em torno da cama de John Doe, examinando-o. Emma notou outra mulher ao seu lado, alguém que não se parecia com um profissional médico. Era loira, alta, de aparência majestosa. Seu rosto estampava preocupação. Falou com John Doe lentamente, como se estivesse explicando alguma coisa, e ele olhou para ela. Assim que chegaram perto da cama de John, Regina os viu e veio interceptá-los. — Não tenho certeza do que você pensa que está fazendo nesta cidade— disse Regina, dirigindo-se a Emma, mas estou começando a ficar cansada das interrupções que você começou a causar. — Olhou para Mary Margaret e disse: — Parece que há um monte de novos... conflitos em Storybrooke desde que você chegou, Srta. Swan. Não acho que isso seja coincidência. Talvez não — disse Emma.
— Talvez você esteja certa. Regina olhou para trás, tentando compreender o que as palavras de Emma poderiam querer dizer. A própria Emma não sabia, mas gostou da reação que tinham causado. — Quem é... essa mulher? — disse Mary Margaret fracamente, ignorando o conflito surdo a seu lado, ignorando a raiva de Regina. Ela, por sua vez, estava olhando para a mulher loira ao lado de John Doe, que agora acariciava seu cabelo. — Seu nome é Kathryn disse Regina. — A esposa de John Doe. E o nome de John Doe é David. David Nolan. — São vocês? — perguntou Kathryn, olhando por cima, com um sorriso aliviado ainda pregado no rosto. — Vocês são as pessoas que o encontraram? Muito obrigada. Muito obrigada, mesmo— disse ela, saindo do lado de David e cruzando o quarto. Segurou as mãos de Mary Margaret nas suas e disse: — Não sei como lhe agradecer. — Não entendo disse Mary Margaret. — como você não soube que ele estava aqui? Antes? Uma cortina de melancolia tomou conta do rosto de Kathryn, e ela lentamente liberou as mãos de Mary Margaret, olhando para o grupo: — Nós... nós nos separamos. Há alguns anos. Foi sob... terríveis circunstâncias, uma briga feia. Ele saiu e me disse que estava deixando a cidade, que ia se mudar para Boston, que o casamento estava acabado. E acho que, durante todo esse tempo, apenas supus que ele estivesse lá, que tivesse... seguido em frente... — Ela olhou de volta para ele, que estava preocupado com o Dr. Whale. — E durante todo esse tempo, ele estava bem aqui - concluiu. — E você não tentou entrar em contato com ele nenhuma vez? — perguntou Emma com ceticismo. Ela não gostou daquilo. Não gostou da forma como aquela mulher surgira, tampouco do olhar de esperteza no rosto de Regina. — Claro que sim disse Kathryn, voltando-se. — Mas ninguém sabia onde ele estava. Se uma pessoa não quer ser encontrada, existe um limite ate onde você pode procurar por ela... — Olhou para Regina e sorriu calorosamente. — Mas a prefeita juntou as peças e me telefonou agora à noite. E inacreditável. Isto é, é como se estivéssemos começando de novo. Temos uma segunda chance. — Isso é tão lindo — disse Mary Margaret, sorrindo para a mulher. Emma duvidava que ela fosse à única pessoa no quarto que podia ver que aquele sentimento não era verdadeiro. Kathryn voltou para o lado da cama de David. — Vamos lá, Henry — disse Regina. — Hora de ir para casa. Quando passou por Mary Margaret, Henry olhou para ela e disse em bom tom: — Não acredite em nada disso. Ele acordou por causa de você. A história. Amor verdadeiro. O destino de vocês é ficarem juntos. —Henry! — disse Regina. Mas Henry correu, saindo do quarto. Regina,
sacudindo a cabeça em desalento, seguiu atrás dele. — Com licença — disse Emma às suas costas. — Senhora prefeita. Regina se virou. —Uma palavra antes de ir embora? Regina suspirou, balançou a cabeça em consentimento. As duas deixaram o quarto juntas. Henry já estava no estacionamento quando Regina parou de andar, e as duas mulheres se viraram uma para a outra. — O amor não é uma coisa linda? — perguntou Regina. —Estou tão feliz que essa história trágica tenha tido um final feliz. Isso nunca acontece... — Nada dessa história tem sentido disse Emma secamente. — Vamos deixar de lado esses joguinhos. —O que é que você acha, então? — perguntou Regina, de olhos brilhantes, parecendo estar se divertindo. — Que estou usando magia negra naquela mulher? Forçando a coitada a mentir? — Não, mas acho que está fabricando algo. — Não tenho ainda como saber o motivo. Mas isso cheira mal, seja o que for. —Você sabe Srta. Swan — disse Regina, caminhando de volta em sua direção, que coisas ruins acontecem. Mesmo em cidades pequenas como Storybrooke. Storybrooke é exatamente como qualquer outro lugar— disse Emma. Cheia de pessoas boas, com algumas pessoas podres jogadas na mistura. — Estou surpresa de que não fique feliz ao ver duas pessoas unidas — disse Regina. — Não há maldição pior no mundo que estar sozinho. Não é verdade? Regina sorriu e olhou por cima do ombro em direção ao estacionamento. — Tenho sorte de ter Henry — disse. Seria terrível não ter absolutamente ninguém... MARY MARGARET SENTOU-SE SOZINHA à sua própria mesa da cozinha, segurando um copo de água em uma das mãos, descansando a outra no colo. Enquanto seu prato de macarrão com queijo esfriava à sua frente, ficou pensando em tudo o que tinha acontecido desde que John Doe (seu nome era David, lembrou-se) havia tocado em sua mão. Tomou um gole de água, suspirou, fez os dedos correrem por entre os cabelos. Misturou alguns fios do macarrão no molho de laranja, pousou o garfo de volta no prato e girou o anel no dedo médio. Quando ouviu uma batida na porta, sabia que não poderia ser ele, pois deveria estar em casa com a mulher, no processo de reaprendizagem de sua própria história. Tinha visto os dois se abraçando. E, além disso, por que esperaria que um estranho batesse à sua porta? Ninguém queria esse tipo de coisa... Tentando se convencendo de que não esperava que fosse ele, abriu a porta e viu Emma olhando para ela. As duas mulheres se entreolharam. Mary Margaret viu-se então sorrindo, pelo menos um pouco.
—Olá, Emma — disse. — Oi. — O que eu posso... Está tudo bem? — Sim, tudo bem — disse Emma. O homem misterioso acordou e a Rainha Má está dormindo em sua torre. Somos boas. Mary Margaret riu suavemente e abriu a porta um pouco mais. Quer entrar? — perguntou. — Tenho um jantar pronto e poderia dividi-lo com você se... Na verdade, o que eu queria mesmo era saber se a sua oferta sobre o quarto ainda esta de pé — disse Emma. — Ah — disse Mary Margaret, legitimamente surpresa. Ela havia se esquecido de toda aquela história por conta das emoções desse dia. Mas ficou feliz que Emma estivesse ali. — Com certeza. Entre. Emma assentiu com a cabeça e entrou na sala. Deu uma olhada ao redor, obviamente satisfeita. Mary Margaret sentiu-se melhor. Não pretendia pensar muito no por que daquilo. — Mas que bela casa você tem disse Emma. E descansou a mão no balcão da cozinha. — Muito melhor que o banco de trás de um carro. — Isso é verdade — disse Mary Margaret, e as duas mulheres riram. — Mas estou contente que você esteja aqui — disse ela. — Realmente, Emma. Seja bem-vinda.

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