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domingo, 29 de março de 2015

A Once Upon a Time Tale:Despertar Capitulo 2

CAPÍTULO 2
AQUILO QUE VOCÊ MAIS AMA











EMMA ACORDOU NAQUELA MANHÃ E FICOU SE PERGUNTANDO durante alguns instantes o que estava mesmo fazendo naquela cidade infernal. Mas logo se lembrou Sabia muito bem por que estava ali. Ainda se encontrava no banheiro quando ouviu uma batida na porta. Ao abri-la, surpreendeu-se ao encontrar Regina Mills sorrindo para ela. — Ah, bom dia! — disse Regina. Achei que seria bom parar aqui e lhe trazer um presentinho. Ergueu as maçãs que trazia em um saco de papel e entrou no pequeno quarto sem ao menos esperar pelo convite. Emma ficou olhando, cautelosamente. Tenho certeza de que vai gostar delas quando estiver em seu carro, na viagem de volta. — E acrescentou: — Pena que não tenha conseguido sair da cidade ontem à noite, depois de tudo... Olhando ao redor do quarto com desdém, Regina depositou as maçãs na bancada. — Decidi ficar — respondeu Emma, olhando para as maçãs. Mas... Obrigada. Tem certeza de que é uma boa ideia? — Perguntou Regina em tom alegre, e aparentemente nem um pouco surpresa com a notícia. Henry tem lidado com uma série de problemas emocionais. Acho que isso só vai contundi-lo ainda mais, não? — É que o fato de você já ter me ameaçado por duas vezes nas últimas doze horas — retrucou Emma finalmente —me faz querer ficar mais um pouco. — Como assim? — disse Regina. — Você considera essas maçãs uma ameaça? Eu não... — Sou bem capaz de ler nas entrelinhas, prefeita disse Emma, e cruzou os braços. — Acho que vou ficar na cidade até conseguir uma avaliação melhor da situação de Henry por aqui. Quero ter certeza de que ele está bem. — Entendo... — disse Regina. Você está preocupada com o fato de eu ser uma pessoa má, não é? Então, você anda lendo o livro dele também... Posso lhe garantir que ele está muito bem e que seus problemas estão sendo tratados. Henry não precisa de você. — O que isso significa? Significa que ele está fazendo terapia — respondeu Regina. Significa que vai aprender bem depressa que a realidade tem mais sentido que a fantasia. Como sempre digo a ele. E significa que apenas uma de nós sabe o que é melhor para o Henry. — Começo a achar que você está certa sobre isso. A audácia daquela mulher era inacreditável. Emma não conseguia se imaginar entrando tão corajosamente no espaço privado de uma desconhecida e falar assim
com tanto desdém, especialmente para alguém que poderia continuar na cidade por mais tempo. Regina lhe dirigiu um sorriso cruel e deu um passo adiante, em direção a Emma. Foi tudo ótimo — disse Regina, mas já está na hora de você ir embora de Storybrooke. — Ou então...? — replicou Emma, com os braços ainda cruzados Regina deu mais um passo em sua direção. Seus rostos estavam a menos de meio metro de distância um do outro, e Regina disse friamente: — Não me subestime, srta. Swan. Não tem ideia do que sou capaz. Emma fez uma pausa e considerou essas palavras. — Bem, então vai ter de me mostrar, não é? — respondeu Emma por fim. Os olhos de Regina se apertaram, restando apenas duas fendas estreitas. — Que assim seja. Dez minutos depois, sentindo grande necessidade de um café, Emma foi até a lanchonete. Também precisava pensar tentar entender por que Regina estava tão determinada a tirá-la da cidade. "Este lugar... Há alguma coisa que não se encaixa inteiramente em relação a este lugar... O que seria?", pensou Emma. Sentiu ainda mais essa estranheza quando viu o próprio rosto olhando para ela na capa do jornal da cidade, o Storybrooke Daily Mirror. Era uma foto de ficha policial. Emma comprou um exemplar do jornal e sentou- se a uma mesa. "Sério?" Pensou. "Você levou um dia para arrumar isso?" Quem quer que tenha escrito o artigo conseguira desenterrar muita coisa sobre a vida dela em um período de tempo bem curto. Seu nome era Sidney Glass; ele sabia que Henry tinha nascido em Phoenix e sabia também onde ela vivera desde então. Conhecia seu problema com a lei. Não estava tudo lá, mas o suficiente. Emma estremeceu. Era por isso que não gostava de cidades pequenas. — Aí está você. Emma afastou os olhos do jornal. A mesma garota da pensão, aquela que tinha discutido com a avó, estava ao lado de seu compartimento, sorrindo. Trazia uma xícara de chocolate quente e colocou-a sobre a mesa. Emma olhou para o nome escrito no crachá: Ruby. — Obrigada, Ruby, mas não pedi isso — disse Emma. — Eu sei disse Ruby. Ela sorriu e inclinou a cabeça. Emma ficou impressionada com o brilho vermelho do seu batom, era quase incandescente. — Você tem um admirador. Emma se virou para olhar pela sala e viu o xerife Graham sentado em um dos compartimentos. Ele estava tomando café e lendo o jornal também. A jovem se levantou e foi até ele, segurando a xícara de chocolate quente. — Então, decidiu ficar, não é? — disse ele agradavelmente. Emma ficou apenas olhando. — Gostaria de me acompanhar? — perguntou Graham. Fez um sinal para ela se
sentar. — Olhe, cara. O chocolate foi um gesto bonito. E é impressionante como foi capaz de adivinhar que gosto de canela no chocolate quente, mas não estou aqui a fim de namoro. Por isso, obrigada, mas não, obrigada, xerife. E abandonou ruidosamente a xícara na mesa em frente a ele. — Tudo bem, mas não fui eu que pedi isso— disse o xerife. Ele deu de ombros, olhando para ela inocentemente. — Fui eu — fez-se ouvir uma voz. Era Henry. Ele estava no compartimento ao lado, sentado tão agachado que Emma não pudera vê-lo. Também gosto de canela — acrescentou o menino. — Oi! Estou contente que você tenha decidido ficar... — Henry, o que você está fazendo aqui? — perguntou Emma. — Não tem aula hoje? — Sim, já estou indo — respondeu ele. — Você me leva até lá? Emma suspirou e lançou um olhar de desculpas ao xerife Graham. Ele sorriu gentilmente e voltou a ler o jornal. Havia alguma coisa naquele xerife que lhe agradava. Claro, ele estava sob as rédeas da prefeita e devia ser completamente dominado por ela, mas era um sujeito que parecia estar na dele... E também um tanto bonitão. Um tanto. Ela acenou dando adeus. Henry levou Emma para fora da lanchonete. — Nem acredito que você tenha ficado! Sério! — disse Henry quando eles já estavam na rua. — Agora as coisas vão funcionar! — O menino estava muito animado, e Emma sorriu. — Sua mãe preferia que eu fosse embora, acho — disse ela. — Não era minha intenção ter ficado... Ela não quer você aqui porque é a Rainha Má. Emma franziu o cenho. Henry parecia ter uma rica vida interior, mas ela não conseguia deixar de pensar no que Regina tinha dito ainda em seu quarto. O menino estava tendo sessões com um psiquiatra, pelo amor de Deus. E se tivesse algo de muito errado com ele? Será que fora certo alimentar essas fantasias, ter ficado ali? Ela não sabia. E teria de falar com Archie. — Explique-me o que você quer dizer com isso — disse Emma, pensando que seria melhor conversar com ele sobre algo que o entusiasmava do que repreendê- lo por inventar coisas. — O quê? A maldição? — Sim — disse ela. - O que é isso tudo? — Ah, legal, tudo bem! — disse Henry, ficando cada vez mais animado enquanto falava sobre esse assunto. — Quer dizer, você e eu precisamos desfazer essa maldição, entendeu? Esse é o nosso trabalho. E o primeiro passo da operação é a
"identificação". — Ele ergueu os olhos, confiante. A operação toda é chamada Operação Cobra. Emma ouvia atentamente enquanto Henry explicava sobre a maldição. Todas as pessoas que moravam em Storybrooke "Todas!" tinham vindo de outro reino A Terra dos Contos de Fada. Elas tinham vivido muito felizes por lá, e ostentavam identidades diferentes. E então, a fim de punir a Branca de Neve e o Príncipe Encantado por terem sido injustos com ela, a Rainha Má decidiu lançar uma maldição sobre todo o reino. Uma maldição segundo a qual ninguém jamais poderia ser feliz. Essa maldição havia transportado todos os que viviam na Terra dos Contos de Fada a este lugar, a este mundo no planeta Terra, um lugar que não tinha magia. Ninguém podia sair, o tempo havia parado, e ninguém sabia o que tinha acontecido. Todos estavam com amnésia, e todos tinham ficado presos ali durante vinte e oito anos, vivendo o mesmo dia infinitamente, de novo e de novo. Com exceção de Henry, que tinha descoberto tudo, por causa do livro e porque não tinha nascido na Terra dos Contos de Fada. A Rainha Má precisou pegar a maldição com sua antiga colega e inimiga, a Malévola explicou Henry. Ela foi ao castelo e lá tiveram essa grande batalha mágica, e a Rainha roubou a maldição do cetro da Malévola. Foi uma loucura de batalha! Emma assentiu, acompanhando o relato. — Mas, para que a maldição funcionasse direito - continuou o garoto, a Rainha teve de usar o coração de quem ela mais amava no mundo. Uau! — disse Emma. — Assustador! Eu sei! — concordou Henry. E adivinha o coração de quem ela acabou pegando para fazer o feitiço dar certo? Você nunca vai adivinhar! — Sim, não consigo imaginar de quem a Rainha Má poderia gostar... — O coração do pai dela! Ela matou o pai para fazer a maldição! Ei! — disse Emma. — Essa é uma raiva séria. — A melhor parte— disse Henry é quem você é. — Hã? Eu sou da Terra dos Contos de Fada? — perguntou ela. — Quem diria, hein...? Henry ignorou isso e explicou que ela era a filha da Branca de Neve e do Príncipe Encantado. EMma achou isso hilário. Henry explicou que aquilo não era tudo, porque Emma era a única pessoa que poderia quebrar a maldição. Estava tudo nas histórias. Ela era aquele bebê que nasceu pouco antes de a maldição cair sobre o reino. Ele girou sua mochila ao redor do ombro e retirou de dentro dela um conjunto de páginas, que Emma percebeu que deveriam ter sido tiradas do livro. Em seguida, Henry mostrou-lhe a ilustração de um bebê enrolado em um cobertor, com a palavra "Emma" bordada bem à vista. — Essa é a sua prova definitiva? — perguntou ela, olhando para a ilustração. — Há outras Emmas no mundo, como você sabe.
Emma pegou as páginas da mão do menino e começou a examiná-las, em busca de um nome de autor ou de uma data de direitos autorais. Mas não havia nada, nenhuma data, nenhum autor. Talvez no próprio livro, quem sabe... Ninguém parecia saber de onde tinha vindo essa coisa. No entanto, ela não podia negar que era mesmo uma coincidência que o bebê tivesse esse cobertor. Um cobertor que se parecia com o que a estava enrolando quando foi encontrada, o mesmo que levou com ela para todos os lares adotivos. Emma ainda o tinha em algum lugar, embalado em uma caixa lá em sua casa, em Boston. Mas aquela não era uma lembrança do tipo que a jovem gostava de reavivar, porque a maior parte das recordações que vinham junto eram dolorosas. Acho que você deve ler todas as páginas — disse Henry. — Esta parte aqui é a sua história. Sei que você não vai acreditar em mim até que leia tudo... — O menino balançou a cabeça para si mesmo, então disse: — Você não pode deixá-la ver essas paginas, entendeu? Não pode! Foi por isso que as arranquei do livro. Se ela vir isso, será... muito ruim... Emma olhou para o livro. — Sério? — disse ela, olhando para a imagem da Rainha. De fato, a ilustração se parecia um pouco com Regina, e por isso ela entendeu como Henry tinha se convencido de que tudo aquilo era verdade. Mais ou menos. — Muito ruim— continuou ele. — Muito ruim mesmo! Eles logo chegaram à escola. Antes de entrar, Henry olhou para ela, sorriu e disse: — Obrigado por acreditar em mim quanto à maldição. Eu sabia que você iria acreditar. — Isso quase a derrubou, ele estava levando aquilo a serio de mais. "Tudo bem, garoto, mas não acreditei em você nem um pouquinho!", pensou Emma. — Veja, eu não disse que acreditei, rapaz... — disse ela, pensando que provavelmente seria melhor ser honesta, mas de uma honestidade equilibrada. — Apenas escutei o que era absolutamente verdade. Ainda assim, Henry continuou a sorrir, em seguida virou-se e fugiu para a sua classe. Emma observou-o ir ainda sem saber como lidar com sua relação "interessante" com a realidade. Essa brincadeira da "Operação Cobra" parecia dar-lhe uma alegria sem fim, e algum instinto lhe disse que nunca seria uma coisa ruim deixar seu filho sentir alegria. Esse era o trabalho que uma mãe deveria fazer, não é? Mas outra parte dela pensou que talvez pudesse estar se comportando de forma imprudente, como aquela avó que se intromete e dá doces para o neto até que ele fique doente. Uma pessoa de fora que participa do jogo para conseguir ganhos de curto prazo e não se compromete com os objetivos de longo prazo. — E bom vê-lo sorrindo. Emma, assustada, viu que Mary Margaret tinha se aproximado.
— Oh, também acho que sim — respondeu ela. — Mas não fui a responsável. Foi à magia que fez isso... — Regina sabe que você ainda está aqui? Sim. Ela me encantou essa manhã com um discurso irritado. Muito, muito agradável. Como é que essa mulher conseguiu ser eleita servidora pública? Ela não tem habilidades sociais. — Parece que sempre foi a prefeita — disse Mary Margaret. Emma olhou para ela e levantou uma sobrancelha. — O que você quer dizer com isso? — Acho que todo mundo está com muito medo de concorrer com ela — continuou Mary Margaret. — E tenho a impressão de só ter piorado as coisas para Henry quando lhe dei aquele livro. — Onde você conseguiu esse livro? — perguntou Emma. — Vejamos... — pensou Mary Margaret. — Não estou totalmente certa... Aqui na escola, talvez? — Falando nisso, quem ele acha que você é afinal? — perguntou Emma. — Eu? Que bobagem... — Ela sorriu e olhou para baixo. — Na verdade, ele acha que eu sou... a Branca de Neve. — Uau! A Branca de Neve! — disse Emma, e acenou com a cabeça, impressionada. — Nada mal. — E quem é você? Emma olhou para ela e não quis responder, pois percebeu o que isso implicava quanto ao relacionamento delas. Emma surpreendeu-se com o fato de uma parte da sua imaginação brincar tão ansiosamente com a ideia, tentando se conectar com ela, ainda que por apenas alguns segundos. Era exatamente o tipo de coisa que ela costumava fazer quando ainda era criança, um jogo que jogava sozinha. "Fantasiando a mamãe" era como Emma o chamava, mesmo que nunca tivesse contado a ninguém o que ficava fazendo durante todas aquelas horas, escondida em guarda-roupas ou debaixo de árvores. Passava todo aquele tempo imaginando como seria sua mãe, quem seria, onde moraria, por que tinha sido obrigada a dar Emma para adoção... Aquela fantasia acabou criando, ao longo dos anos, uma imagem esmaecida em sua mente; era quase como uma lembrança. A mulher estava sorrindo e vindo em sua direção com os braços abertos, dizendo: "Emma, Emma", com uma voz doce e suave. Aquilo era bobagem. Criação da sua mente. Uma estupidez. Ela se deu conta disso quando estava com onze ou doze anos, e então desistiu de jogar esse jogo. Para sempre. — Eu? Ah, eu não estou no livro... — Isso mesmo — respondeu Mary Margaret. — Você é de algum outro lugar. Emma sorriu. — Mas tenho de ir ver o Grilo Falante. Mary Margaret franziu a testa. — O médico dele. Archie — explicou Emma. — Sabe onde posso encontrá-lo?
Ela sabia. E Emma se encaminhou para o consultório de Archie, perguntando-se se era inteligente o que estava fazendo, envolver-se na terapia de Henry, mas incapaz de voltar atrás. O mais provável é que ele não pudesse lhe dizer nada. Porém, novamente, ela era a mãe de Henry, afinal... Foi com estranha facilidade que ela se viu pensando em si mesma como a mãe de Henry, e pensou novamente no momento com Mary Margaret, o salto de fé. No caso de Henry, era verdade, ela era sua mãe, mas, ainda assim, o conceito era o mesmo, não? Você não sabe nada sobre uma coisa, depois acaba descobrindo e... Blam! Começa a repensar tudo. Precisava ter cuidado. Havia alguns pontos sensíveis em sua psique, em que ela se sentia vulnerável. Por muitos anos desenvolvera uma couraça, e agora, em apenas alguns dias, estavam aparecendo fissuras. Se surgissem muitas, alguém acabaria por explorá-las. Na porta do consultório, Archie sorriu e a cumprimentou, convidando-a a entrar na pequena sala. Assim que entrou, Emma disse-lhe que precisava conversar sobre Henry. Ah, não, eticamente na realidade não devo... — Sei, sei. Entendo. Sigilo da relação médico paciente. Só quero saber uma coisa. Talvez você possa quebrar as regras apenas por uma vez... Archie ficou mais relaxado e cruzou os braços. — Do que se trata? O que causou isso? — perguntou Emma. Essa simples pergunta martelara em sua mente durante toda a manhã. — Por que ele está confuso quanto ao que é ou não real? Ele está... Louco? Ou é apenas a sua imaginação? Acho que devo saber se ele está doente ou apenas... Não sei... Qual é de fato, o diagnóstico? Archie pareceu ficar aflito com a pergunta, especialmente pelo uso que ela fazia da palavra "louco". Ajustou os óculos nervosamente, sacudiu a cabeça um pouco mais e caminhou com ela até sua mesa. — Por favor, não fale assim dele... Por favor, não diga que você acha que ele é louco, isso seria terrível. — Fez um gesto para que ela se sentasse, sentando-se também. — Essas histórias são a sua linguagem. Pense nisso dessa forma. E assim que Henry se comunica com o mundo agora. Ele já passou por tanta coisa... — Essa é a comunicação dele, Srta. Swan. E é uma coisa boa! Ele está lidando com seus problemas. Exatamente! — Quais são os problemas dele, então? — Era a sequência lógica. Archie pareceu perceber para onde Emma estava indo. Franziu os lábios e inclinou a cabeça. — E Regina, não é? Ela está deixando o menino infeliz, é isso? — Não, não, isso e um exagero, uma conclusão muito simplista disse Archie. — Claro que não. Ela é uma mulher complicada e uma mãe bastante severa, mas é boa mãe também.
Ele assentia com a cabeça ao dizer isso, observou Emma. O psiquiatra parecia acreditar no que estava dizendo. — Como é seu relacionamento com sua mãe? Entende o que quero dizer? Outra seta diretamente no coração. — Você obviamente não leu o jornal da manhã — retrucou Emma. O que isso tem a ver com... — Sou adotada também — respondeu ela. — Não conheço minha mãe. Ah... — exclamou Archie em voz baixa, como se isso tivesse sentido para ele. Assentiu com a cabeça para si mesmo, tocou o queixo. — Entendo... Bem, você compreende o que quero dizer. Os relacionamentos com as mães são sempre complicados. — Sorriu. —E com os pais também. — Algo me diz que as coisas são ainda mais complicadas quando se trata de Regina. —Ela tenta, mas pressiona demais e deixa as coisas mais difíceis— continuou Archie. Aparentemente lutando com outra coisa agora, ele suspirou, em seguida abriu um armário de arquivos. — Leve este arquivo e dê uma lida, você verá. Emma franziu o cenho, cética. O médico estava agindo de forma estranha; algo estava errado. —Por que está fazendo isso? —Porque ele se preocupa com você —respondeu Archie, entregando-lhe o arquivo. — E eu me preocupo com ele. Emma pensou naquilo. Algo parecia muito errado, com certeza, mas ela queria o arquivo. O que quer que Archie estivesse fazendo, ela tinha certeza de que seria capaz de lidar com aquilo. Mais segura, estendeu a mão e pegou a pasta. Simples matemática, não é doutor? —Exatamente — disse ele, ajeitando os óculos novamente. Emma levantou-se, e ele parou para vê-la ir embora. NÃO DEMOROU MUITO PARA QUE EMMA percebesse que seus instintos quanto ao bom doutor estavam certos. Poucas horas se passaram depois de sua visita ao psiquiatra, e o xerife apareceu "misteriosamente" em sua porta, olhando-a severamente. — Sinto muito, srta. Swan — disse Graham, mostrando-lhe as algemas. — Mas você está presa. Emma não podia acreditar no que estava ouvindo. Ela estava na porta do seu quarto, depois de ter acabado de tomar banho e trocar de roupa. O xerife olhou para ela com simpatia nos olhos. Ela havia aberto a porta esperando encontrar a Vovó com uma nova muda de lençóis limpos. Mas, em vez disso, Graham a estava informando de que ela era acusada de ter discutido com Archie e roubado o arquivo de Henry de seu consultório. —Foi ele que me deu o arquivo —disse Emma ao xerife, entregando-lhe o documento. Isso é ridículo. Você não percebe que foi Regina que armou tudo, não?
Ela está de alguma forma, forçando-o a dizer isso. —Vou ter de algemá-la — disse Graham. —Sinto muito. —Tudo bem —disse Emma.— Prenda-me novamente. Tem algum problema? Prenda Emma! —Ela se virou e fechou os punhos atrás das costas. -Que bela polícia... Na delegacia, enquanto ele tirava a foto para o prontuário, Emma perguntou ao xerife sobre Regina. — Toda esta cidade tem medo dela. Você sabe disso, eu sei disso. Por que não fazer alguma coisa? Onde mais ela pôs as suas mãos? — Ela é a prefeita — disse Graham. —Suas mãos estão em tudo. —Em tudo? — perguntou Emma, erguendo uma sobrancelha. —Olhe... disse ele, levando-a até a cela. —Você está aqui há dois dias. Ela está aqui há décadas. Talvez você não saiba de tudo, certo? — Eu sei o que roubei e o que não roubei — disse Emma. — Archie está mentindo. Mais uma vez, Graham não disse nada. Mas Emma podia jurar ter visto algo em seus olhos. ELA SE SENTOU NO CATRE DA CELA, furiosa, antes de ouvir uma voz familiar e então se levantar de novo. — Ei, você tem de deixá-la sair! Era Henry. Ele entrou na sala da delegacia, na frente de Mary Margaret Blanchard. Graham, surpreso, ergueu os olhos de sua mesa. —Henry, o que você está fazendo aqui? — perguntou o xerife. E se virou para a professora do menino, confuso. —Srta. Blanchard? — Estamos aqui para ajudá-la — disse Henry. Então, depois de olhar para Emma, sorriu e disse: —Bem, ela é que vai pagar a fiança. Não tenho dinheiro. —Por que você faria isso? —perguntou Emma. Mary Margaret parecia envergonhada e começou a procurar em sua bolsa. Eu... Eu não sei — disse ela. —Confio em você. O xerife parecia um pouco surpreso com o rumo dos acontecimentos, mas levou na esportiva. Enquanto Mary Margaret e Graham cuidavam da papelada. Henry deslizou para mais perto da cela. — Bom trabalho — sussurrou para ela. Emma inclinou-se e sussurrou de volta: — Bom trabalho com quê? — Em ser presa! Esse era o plano. Eu entendo. - Henry assentiu. Buscando informações. Operação Cobra, certo? —Claro garoto — ela sussurrou de volta. —Algo a ver com isso. — Ok, então disse Graham do outro lado da sala, segurando uma folha de papel. Mary Margaret sorriu, acenou com a cabeça. — Parece que tudo está em ordem.
Emma ficou de pé. — Ótimo — disse ela. Agora, deixe-me sair daqui. E então olhou para Henry. — Tenho algo a fazer. EMMA FOI DIRETAMENTE para a loja de ferragens. Ela era boa em achar pessoas, sim. Fora isso, possuía um talento especial para dizer quando alguém estava mentindo. Ambas as qualidades tinham ajudado muito em sua carreira, de caça aos criminosos por recompensa, mas ainda havia uma terceira qualidade, aquela ligação meio oculta e indistinta entre essas duas, o que a tornava realmente excepcional naquilo que fazia. Pressionada o bastante, ela pode achar fissuras em couraças também. Sabia muito bem atingir as pessoas onde mais sentiam. Se quisesse, Emma poderia descobrir essas fissuras, e, quando o fizesse, não teria medo de atirar. Ela encontrou uma serra com motor de dois tempos, pediu a um funcionário da loja que a tirasse da caixa e a abastecesse, e pagou-a com cartão de crédito. —Vai trabalhar no jardim? —perguntou a mulher de trás do balcão. — Não, na verdade, não — respondeu Emma. Mas quem aquela mulher pensou que ela fosse? Tome algo valioso de mim, pensou, e retribuirei o lavor. Esse pensamento se movia em círculos dentro de sua mente; a raiva de Emma a impedia de andar para muito mais longe enquanto caminhava pela Rua Principal. Ela ligou a serra e puxou o cordão enquanto caminhava pelo canteiro, olhando para a macieira de Regina. As maçãs significavam alguma coisa para aquela mulher, Emma sabia disso. Quando alcançou o tronco da árvore, hesitou. Então decidiu não derrubar a coisa. Um tronco importante já seria o suficiente. Um dos maiores. Seria uma ferida, mas não uma ferida mortal. Seria apenas o começo. Emma não se sentia completamente pronta para usar a opção nuclear. A serra cortou o galho com relativa facilidade, e ele emitiu um sonoro CRRRAAAAAACC pouco antes de despencar da árvore para o solo. Emma sorriu e deu um passo atrás. Não precisava erguer os olhos para a janela... Sentiu que Regina estava lá, vendo isso acontecer. Após um momento de silêncio, com o cheiro de gasolina e óleo impregnando o ar, e a árvore ferida não reclamando afinal, Regina explodiu para a rua. — O que você está fazendo? — gritou a prefeita, caminhando em direção a Emma, que levantou a motosserra como uma arma. A serra não estava ligada, e Emma não tinha a intenção de cortar Regina ao meio. Ainda não havia chegado a esse ponto. Ainda não. — Vim colher maçãs... — respondeu friamente. —Você está maluca! Emma deu um passo adiante e encarou Regina em frente à árvore partida. — Não. Quem está maluca é você, se pensa que um golpe malfeito para me acusar de um crime não existente vai me amedrontar. Terá de fazer melhor que isso, minha senhora. Venha atrás de mim de novo e voltarei para acabar com esta
casca cheia de vermes. Por que, irmã? Sabe por quê? Porque você não tem ideia do que sou capaz de fazer. Virou-se e foi embora, deixando Regina ao lado do galho caído, sem palavras. Por cima do ombro, Emma disse: "É sua vez". ALGUMAS HORAS DEPOIS, tendo finalmente esfriado a cabeça após uma caminhada no bosque, Emma voltou à Pensão da Vovó com nova determinação. Ainda não sabia como, mas descobriria alguma maneira de fazer parte da vida de Henry. Não iria a lugar nenhum, ficaria bem ali, em Storybrooke. Vovó, parecendo bastante desconfortável, parou-a no corredor. — Sinto muito, querida — disse a senhora. Mas temos uma política de não aceitar criminosos aqui. Vou ter de pedir que vá embora. — O quê? — exclamou Emma. O que foi? A reportagem do jornal? O que aconteceu de manhã? Vovó assentiu tristemente. Emma, já não mais surpresa com nada que pudesse acontecer naquela cidade, entregou a chave do quarto. E deixe-me adivinhar — disse ela. — Foi um telefonema da prefeitura que a lembrou de sua própria política... Tentamos manter as coisas seguras para os nossos hóspedes — disse a Vovó, pegando a chave. — Isso é tudo. Bem, já morei em um carro antes, pensou Emma. Arrumou suas poucas coisas e levou-as para o seu VW. —Mas o que... Emma apertou os olhos enquanto se aproximava do carro com suas sacolas. Havia uma trava de imobilização na roda dianteira. Regina novamente. Será que essa mulher não dava uma pausa? Assim que pensou nela, o celular de Emma tocou. Ela não reconheceu o número. No entanto, logo pôde reconhecer a voz. Era Regina. Queria fazer um acordo. EMMA SE AFASTOU DO CARRO e foi caminhando quase um quilômetro ate o prédio da prefeitura. Emma e Regina se cumprimentaram de forma tensa, e a prefeita fez sinal para ela se sentar. Serviu uma bebida, que não era sidra dessa vez, para sua convidada e preparou uma para si mesma. —Obrigada por ter vindo— disse Regina. —Eu gostaria que isso ocorresse de forma civilizada. Acho que podemos dar um jeito na situação. —Dar qual jeito, em quê? — perguntou Emma. — Em tudo isso respondeu Regina. — Você. Aqui. Tenho a sensação de que esta mais determinada que nunca a ficar na cidade. E não sou cega. Sei que ficar no caminho do meu filho só vai fazer com que ele deseje algo ainda mais do que já quer. Emma se descontraiu um pouco e se afundou na cadeira. Respirou fundo.
— Tudo bem — disse ela. Estou ouvindo. — Eu aceito que você esteja aqui para tirar o meu filho de mim. Lá estava. Emma pensou por um momento e depois disse: — Não é por isso que estou aqui. Então, qual é o motivo? — perguntou Regina. Emma não tinha absoluta certeza de todos os seus motivos. Aliás, estivera lutando com essa mesma pergunta durante todo aquele dia. — Estou preocupada com Henry, francamente — disse ela por fim. — Ele acha que todo mundo nesta cidade é um personagem de conto de fadas. Isso não é um bom sinal. Regina assentiu. E você não acha que isso seja verdade, presumo. —É claro que não! Não acho que minha mãe seja a Branca de Neve e não acho que você seja a Rainha Má. Henry está tendo muita dificuldade em distinguir a fantasia da realidade. Tudo isso é uma loucura. Emma franziu o cenho, vendo o sorriso de Regina. Seus olhos tinham se movido quase imperceptivelmente para a direita. Emma então se virou para olhar a porta do escritório. Henry, estampando tristeza no rosto, olhava para ela. — Você acha que estou louco? — perguntou ele, com os olhos úmidos. O coração de Emma subiu à garganta. — Henry, não, eu... Mas já era tarde demais, e ele fugiu. Antes de Emma poder ficar de pé, Henry tinha desaparecido de vista. Furiosa, ela se virou para Regina. — Você fez isso de propósito. Sabia que ele estaria aqui! — Claro que eu sabia que ele estaria aqui disse Regina friamente. — Ele é meu filho. Henry vem para cá às cinco horas da tarde, precisamente, toda quinta-feira. Não sei se você sabe, mas as mães acompanham os filhos... Emma, com o pulso acelerado, sentiu sua raiva se misturar com tristeza e arrependimento. Havia perdido a batalha, tinha magoado Henry. Não importava como isso tinha acontecido. Fora uma idiota por ter vindo até ali. — Você não tem alma — disse ela a Regina. Era tudo o que pôde pensar em dizer antes de correr para fora, atrás de Henry. ELE ESTAVA NA TERAPIA, no consultório de Archie. Emma viu os dois através da janela enquanto corria até o prédio. A rápida olhadela lhe disse tudo o que precisava saber. Henry estava sentado em sua cadeira, curvado e deprimido, e essa visão partiu seu coração. Ela não conseguia ver seu filho assim triste, e vê-lo feliz lhe trazia muita alegria. Talvez fosse essa simples bússola o que poderia guiá- la. Entrou no consultório sem bater, e ambos, Henry e Archie, olharam com surpresa para a pessoa que invadia a sala. — Preciso falar com você — disse Emma. Archie ficou de pé imediatamente. — Srta. Swan, isto é altamente irregular— disse ele, com a mão estendida para ela. Emma olhou-o diretamente nos olhos e o psiquiatra murchou. Archie começou
a remexer nos óculos. Sinto muito sobre o arquivo. Ela me disse que... — Está tudo bem, Archie — disse ela. Não estou nem um pouco preocupada com isso agora. E virou-se para Henry. Preciso que você saiba que fiquei na cidade por sua causa. Estou aqui por você. Não acredito que você seja louco. O que acho é que esta cidade é uma loucura e essa maldição e uma loucura, mas isso não significa que eu ache que você esteja louco. Henry parecia um pouco cético no início do discurso, mas sua postura foi melhorando enquanto Emma continuava a falar. Encorajada, Emma puxou o maço de papéis da bolsa e disse: — Eu li estas páginas. Você estava certo, são perigosas. E só há uma forma de mantê-la longe da minha história e conhecer tudo sobre mim caminhou até a lareira e lançou os papeis lá dentro. — Ela nunca mais poderá ler estas páginas. — Todos ficaram vendo os papéis queimarem. — Agora estamos em vantagem. Henry sorriu. —Brilhante! — gritou. Emma olhou para Archie esperando um olhar de advertência da parte dele, mas pôde ver que ele estava satisfeito com o modo como aquele simples ato tinha deixado o menino tão feliz. — Eu sabia que você estava aqui para me ajudar! — exclamou Henry. — E isso aí, garoto— disse Emma. — E por isso que estou aqui. Nem mesmo uma maldição pode deter isso.




Continuar...

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